sexta-feira, 5 de abril de 2013

Ficar nu

JM Cunha Santos

Ficar nu virou moda. A Síndrome de Adão e Eva – e que me perdoem a trapalhada psicológica – ataca todo mundo pelos mais diversos motivos. Assim é no Brasil e assim é no mundo. Tudo é motivo para que um amontoado de gente tire as roupas em praça pública. As mulheres não estão mais nem aí. A qualquer sinal de revolta, lá estão todas aquelas ubres expostas ao vento, algumas de considerável respeito, outras mais moles que mingau de aveia. Sem cuscus.
Um Top Lesse religioso atingiu a Praça de São Pedro quando um grupo de nus resolveu protestar contra a oposição do Vaticano ao casamento gay. Mas o Vaticano age também por razões estruturais. Já pensou se resolvem casar todos os padres acusados de pedofilia. Centenas de homens e mulheres nus estavam na “Marcha das Vadias!!, em Belo Horizonte, segundo eles para protestar contra o rótulo de que quando acontece algum tipo de abuso a mulher é sempre a culpada. Idéia maldita de um policial do Canadá.
Tudo é motivo para ficar nu. Mulheres ficaram nuas para protestar contra um projeto de lei que proibia o aborto na Ucrânia. Já protestaram nus até num Fórum de Economia. E olha que não era economia de tecido, nem de langerie. Na Catedral de Notre Dame, em Paris, oito feministas nuas festejaram a renúncia do Papa Bento XVI. O mais estranho é que estão ficando nus para protestar contra o turismo sexual. Para quem acha que ficar nu estimula o turismo sexual, eis aí um protesto de muitas dúvidas.
Antigamente as pessoas protestavam enfrentando cassetetes da polícia e violentos jatos d’água do Corpo de Bombeiros. Agora basta tirar a roupa que o protesto está registrado. Mas se é para protestar, protestemos nós também em nome dos nossos direitos visuais. Não é porque os governos, autoridades, entidades públicas em geral vivem fazendo besteiras que somos obrigados a assistir todo dia a esse festival de pelancas, micoses, seios caídos e barrigas flácidas na televisão. Vamos protestar. Tirando a roupa, naturalmente.

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