JM
Cunha Santos
Ficar
nu virou moda. A Síndrome de Adão e Eva – e que me perdoem a trapalhada
psicológica – ataca todo mundo pelos mais diversos motivos. Assim é no Brasil e
assim é no mundo. Tudo é motivo para que um amontoado de gente tire as roupas
em praça pública. As mulheres não estão mais nem aí. A qualquer sinal de
revolta, lá estão todas aquelas ubres expostas ao vento, algumas de
considerável respeito, outras mais moles que mingau de aveia. Sem cuscus.
Um
Top Lesse religioso atingiu a Praça de São Pedro quando um grupo de nus
resolveu protestar contra a oposição do Vaticano ao casamento gay. Mas o
Vaticano age também por razões estruturais. Já pensou se resolvem casar todos
os padres acusados de pedofilia. Centenas de homens e mulheres nus estavam na
“Marcha das Vadias!!, em Belo Horizonte, segundo eles para protestar contra o
rótulo de que quando acontece algum tipo de abuso a mulher é sempre a culpada.
Idéia maldita de um policial do Canadá.
Tudo
é motivo para ficar nu. Mulheres ficaram nuas para protestar contra um projeto
de lei que proibia o aborto na Ucrânia. Já protestaram nus até num Fórum de
Economia. E olha que não era economia de tecido, nem de langerie. Na Catedral
de Notre Dame, em Paris, oito feministas nuas festejaram a renúncia do Papa
Bento XVI. O mais estranho é que estão ficando nus para protestar contra o
turismo sexual. Para quem acha que ficar nu estimula o turismo sexual, eis aí
um protesto de muitas dúvidas.
Antigamente
as pessoas protestavam enfrentando cassetetes da polícia e violentos jatos
d’água do Corpo de Bombeiros. Agora basta tirar a roupa que o protesto está
registrado. Mas se é para protestar, protestemos nós também em nome dos nossos
direitos visuais. Não é porque os governos, autoridades, entidades públicas em
geral vivem fazendo besteiras que somos obrigados a assistir todo dia a esse
festival de pelancas, micoses, seios caídos e barrigas flácidas na televisão.
Vamos protestar. Tirando a roupa, naturalmente.
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