Merda

JM Cunha Santos

Merda é uma dessas palavrinhas que significam tudo. “Isso vai dar merda”. Significa que não vai dar certo, vai acabar em desastre, em tragédia ou muita confusão. “Estou na merda”. Esse aí ta devendo o açougueiro, o peixeiro, não tem como pagar a conta de luz, ta desempregado, com os filhos doentes e sem perspectiva de futuro.

Uma expressão que se ouve muito por aqui é “O Maranhão nunca mais saiu da merda” e serve para diagnosticar todos os nossos problemas em todas as áreas da administração pública. Fisiologicamente, merda é o resultado inevitável e mau cheiroso do processo digestivo dos organismos vivos e talvez a melhor constatação de que ninguém é melhor do que ninguém.

A merda tem, entretanto, algumas missões carbônicas importantes como, por exemplo, servir de adubo para plantas ornamentais maravilhosas e flores de perfumes raros. No Maranhão, não temos redes de esgoto, de forma que ninguém esconde as merdas que faz. Nossas estradas são uma merda, nosso aeroporto idem, o Sistema Estadual de Educação a mesma coisa, de forma que vivemos “na merda” sem reclamar.

Só agora descobriram uma utilidade heróica para a merda: a de apagar incêndios. E dizem que já tem gente querendo industrializar o produto para vender aos bombeiros do mundo todo. Naturalmente que os preços vão variar de acordo com a qualidade e tamanho da merda. Por exemplo, uma merda do tamanho da que fez Edinho Lobão revelando que o governo até agora não tem candidato, há de custar muito caro. Quem comeu filé não vai vender pelo mesmo preço de quem enfiou um chambarí goela adentro; não seria justo. Quem jantou em hotel cinco estrelas vai ter participação nos lucros, o que não acontece com quem arriscou um sarrabulho no “come em pé”. Merda feita por governador não pode ter o mesmo tratamento financeiro que merda feita por diretor. E, assim, muito brevemente, estaremos todos “na merda”, como, de fato, já estamos.