sábado, 13 de abril de 2013

Puberdade assassina

Editorial JP, 13 de abril

Qual é a idade permitida para que alguém mate seu pai, sua mãe ou seu filho e fique impune? 14 anos? 16? 18 incompletos? Mais um brutal homicídio cometido por menor, desta feita contra um estudante de TV em São Paulo, recoloca a discussão sobre a maioridade penal no país.  Assaltos, furtos, tráfico, latrocínios e o número de assassinatos cometidos por menores de idade cresceu 117% nos últimos 5 anos. Crimes cada vez mais bárbaros, motivos cada vez mais torpes.
Não há mais motivação sociológica que justifique o genocídio cometido por menores no Brasil. Dizer que o crescimento da população nas cidades não é seguido pela ampliação da infra-estrutura social é perfeitamente lógico para esclarecer índices de pobreza extrema, de desemprego, mendicância, analfabetismo. Não serve para justificar facadas, tiros e tortura. Nunca. Lembremos alguns casos que provocaram comoção no país. O índio Galdino foi incendiado por um grupo de jovens, um deles era menor. A jovem Liana Friendenbach e seu namorado, assassinados por menores. Rodrigo Silva Neto, o Netinho da Banda Detonautas, assassinado por menores. O menino João Hélio, de apenas 6 anos, arrastado 7 quilômetros até a morte também por inimputáveis. Aqui mesmo em São Luís, a cerca de dois dias, menores deram um tiro no rosto da irmã do médico Abdon Murad durante um assalto.
Digam o que quiserem, mas não parece que isso tenha nada a ver com fome e falta de educação. É apenas crueldade instintiva cultivada, inclusive pela certeza da impunidade e da proteção da lei. Estão protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e podem matar à vontade e esperar somente pelo castigo de Deus. No futuro, porque viveram em liberdade, serão assassinos adultos vivendo de matar. Matam por nada. Para comprar duas ou três pedras de crack, para ter um tênis de marca, para usar uma camisa diferente.
A vida humana não pode ficar sujeita a avaliações sócio-econômicas. A vida é o único bem intangível da humanidade. Quem mata friamente pessoas sem defesa, não o faz por nenhuma outra razão: Mata porque gosta de matar, porque se sente superior matando, dominante, importante. Satisfaz os mais pérfidos instintos com o sangue alheio, além, de suas necessidades diabólicas imediatas.
Dar a um adolescente o direito de matar é também atentar contra o sagrado direito à vida. Inclusive a vida dele que provavelmente será morto num canto escuro qualquer. E quando esse adolescente sente prazer nisso de sangrar, estropiar, estuprar, torturar, chacinar outras pessoas, provavelmente ultrapassou a fronteira do humano e, como bicho feroz, deve ser segregado, afastado do convívio da sociedade. Cadeia! Não vamos construir colônias de férias para assassinos contumazes, nem que eles tenham acabado de nascer. Aquele homem que assassinou a tiros o jornalista Décio Sá começou a matar na infância. Talvez não pudesse fazer isso se condenado fosse a trinta anos de prisão logo no primeiro crime. É só um assassino, uma fera que tem de estar enjaulada para que os outros possam viver.

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