A febre Sarnosa

JM Cunha Santos

 

E veio ao Estado o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para certificar o Maranhão como Zona Livre da Febre Aftosa. Mas falam que para certificar o Maranhão como Zona Livre de outra febre, a Sarnosa, virão três ministros: o das Comunicações, para comunicar o fato, direto do Sistema Mirante, de manhã, de tarde e de noite, até os compradores acreditarem; o presidente do Tribunal Superior Eleitoral para apreender recursos públicos que acaso ainda possam estar mugindo nas urnas.

Virá também o Ministro do Exterior, com passaporte e estadias vitalícias pagas para reincidentes sarneisistas num hotel da Síria. Aquele onde as bombas vão cair por falha tecnológica ou porque o dono assinou convênios no Maranhão com vistas à aquisição de produtos químicos para uso no couro do povo na secretaria sedenta de Fernando Fialho. E talvez alguém da Comissão da Verdade para declarar que o grande responsável por essas conquistas, o fim da febre aftosa e o fim da febre sarnosa é, afinal de contas, o ex-governador José Reinaldo Tavares. Sem ele nem haveria Secretaria de Agricultura e, menos ainda, Secretário para assinar a Declaração.

Para que se declare o Maranhão Zona Livre da Febre Sarnosa o povo inteiro estará vacinado contra oligarquias, dinastias e monarquias fora de época. Não haverá mais Governo Endinheirante, mas os ministros serão recebidos por um Conselhão algemado e amordaçado que, no entanto, estará cantando: “Ê ê, ô, vida de gado, povo marcado, povo feliz”.

Com o ministro da Justiça virão todos os superintendentes da Polícia Federal no Brasil, na companhia dos Caça-Fantasmas, para missões fedorentas: encontrar o povoado desaparecido, Trechos, todos os seus moradores e mais 50 banheiros de ouro que sumiram no ar. Se possível vão encontrar um Estádio de Futebol que também sumiu depois que o governo comprou 2,3 milhões de reais em ingressos para uma partida que nunca houve.

Com o Maranhão Zona Livre da Febre Aftosa estão felizes os bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e suínos. Com o Maranhão Zona Livre da Febre Sarnosa ficarão infelizes os baba-ovos, lambe-botas, pelegos e  zumbaieiros. E adoecidos até a alma os mordomos políticos.

E, livre da febre aftosa e da febre sarnosa, o Maranhão, finalmente, deixará de ser curral.