JM
Cunha Santos
Eu
jamais comeria a banana que o jogador Daniel comeu ao ser comparado a um símio
irracional na última investida dos racistas que ultimamente se aboletam nos
estádios de futebol do país. Não comeria.
“Acho
que vim ao mundo provar que os brancos são mais inteligentes, mais fortes e
mais saudáveis que os negros. Considero que a raça negra é uma fraqueza de
Deus, posto que Deus é um espírito branco em luta pelo bem contra o espírito
negro, em luta pelo mal”.
Se
alguém pensasse assim (e há quem pense) e divulgasse tais idéias ao mundo,
seria execrado de um lado e cumprimentado, de outro, por uma sociedade que às
vezes se conforma dentro dos valores mais absurdos. Mostra o quanto o racismo é
uma ideologia imbecil e cruel, o quanto são malditos os apologistas da raça
superior. Qualquer raça.
O
gesto de Daniel é um gesto de desprezo por tanta ignorância e maldade, mas não
consigo deixar de encará-lo também como um gesto de conformação. Não vou comer
as bananas de nenhum racista, embora saiba que o jogador não teve tempo para
pensar em nada disso.
O
racismo, sim, é uma idéia inferior, uma apologia aos deveres do demônio, com o
poder de dizimar a raça humana sobre a face da terra. Hitler já provou essa
possibilidade.
A
escravidão, a última das indignidades que se pode cometer contra um ser humano,
tem origem no racismo, assim como a limpeza étnica e outros horrores menos
visíveis cometidos pela humanidade. E é de se temer que essas manifestações
racistas nos estádios não sejam isoladas, mas planejadas por organizações
subterrâneas ao redor do mundo com seguidores no Brasil.
As
punições contra essas Bestas, como proibi-las de freqüentar estádios de
futebol, são por demais complacentes. Basta rever as fotografias dos campos de
concentração nazista para que se perceba até onde a idéia de superioridade
racial pode levar a humanidade. Muita conversa e pouca punição. Lugar de
racista é na cadeia. Antes que seja tarde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário