quarta-feira, 30 de abril de 2014

NÃO VOU COMER BANANAS DE RACISTAS

JM Cunha Santos

 
Eu jamais comeria a banana que o jogador Daniel comeu ao ser comparado a um símio irracional na última investida dos racistas que ultimamente se aboletam nos estádios de futebol do país. Não comeria.
  “Acho que vim ao mundo provar que os brancos são mais inteligentes, mais fortes e mais saudáveis que os negros. Considero que a raça negra é uma fraqueza de Deus, posto que Deus é um espírito branco em luta pelo bem contra o espírito negro, em luta pelo mal”.
Se alguém pensasse assim (e há quem pense) e divulgasse tais idéias ao mundo, seria execrado de um lado e cumprimentado, de outro, por uma sociedade que às vezes se conforma dentro dos valores mais absurdos. Mostra o quanto o racismo é uma ideologia imbecil e cruel, o quanto são malditos os apologistas da raça superior. Qualquer raça.
O gesto de Daniel é um gesto de desprezo por tanta ignorância e maldade, mas não consigo deixar de encará-lo também como um gesto de conformação. Não vou comer as bananas de nenhum racista, embora saiba que o jogador não teve tempo para pensar em nada disso.
O racismo, sim, é uma idéia inferior, uma apologia aos deveres do demônio, com o poder de dizimar a raça humana sobre a face da terra. Hitler já provou essa possibilidade.
A escravidão, a última das indignidades que se pode cometer contra um ser humano, tem origem no racismo, assim como a limpeza étnica e outros horrores menos visíveis cometidos pela humanidade. E é de se temer que essas manifestações racistas nos estádios não sejam isoladas, mas planejadas por organizações subterrâneas ao redor do mundo com seguidores no Brasil.
As punições contra essas Bestas, como proibi-las de freqüentar estádios de futebol, são por demais complacentes. Basta rever as fotografias dos campos de concentração nazista para que se perceba até onde a idéia de superioridade racial pode levar a humanidade. Muita conversa e pouca punição. Lugar de racista é na cadeia. Antes que seja tarde.   

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