Como parte da Semana Nacional de Combate à Violência Sexual Contra
Crianças e Adolescentes, a Assembleia Legislativa realizou na manhã desta
quinta-feira (15) uma Sessão Especial para discutir a efetividade do Plano
Estadual de Enfrentamento.
O evento foi solicitado pela deputada Eliziane Gama (PPS) que presidiu a
sessão e destacou o papel do Poder Público e da Sociedade Civil Organizada no
combate a este tipo de violência que tem índices alarmantes no Maranhão.
“A luta contra a violência sexual é responsabilidade de todos nós.
Precisamos chamar atenção para o combate a esta atrocidade. Os cidadãos em
todas as instâncias precisam dar sua contribuição, e podem fazer isto através
da denúncia no Dique 100”, afirmou Eliziane Gama.
O evento contou com a presença do presidente da Comissão de Direitos
Humanos, deputado Bira do Pindaré; do Promotor de Justiça da Infância Márcio
Thadeu; da Presidente do Conselho Estadual de Direitos da Infância, Maria
Ribeiro; da Presidente do Conselho Municipal de Direitos da Infância, Maria
Neuza; da Secretária Estadual de Igualdade Racial, Claudete Ribeiro; do
Defensor Público, Gabriel Furtado; além de conselheiros tutelares e
representantes de entidades de proteção dos direitos da infância.
Maria Ribeiro, que preside o Conselho Estadual de Direitos da Infância,
destacou o papel das instituições no combate a violência sexual contra crianças
e adolescentes e questionou quais ações estão sendo feitas pelos governantes.
A presidente do Conselho Municipal de Direitos da Infância, Maria Neuza
entregou para a deputada Eliziane Gama o diagnóstico realizado em São Luís e
mostra o cenário do problema na capital maranhense. “Queremos lembrar que a
maioria dos casos está atrelada à família. Precisamos de pessoas para lutar
para a realização de políticas públicas eficazes”, enfatizou Maria Neuza.
Para o deputado Bira do Pindaré as diversas situações no Maranhão que
ocorrem por ausência do Poder Público, e deu exemplo da falta de transporte
escolar digno e problemas no sistema prisional, que resultaram em tragédias
recentemente. “Que não seja preciso mais tragédias para que as instituições
façam a sua parte, que façam valer os direitos das crianças e dos
adolescentes”, completou.
Eliziane Gama lembrou casos emblemáticos como os que ocorreram em
Açailândia e fez apelo para que a população denuncie em caso de suspeita de
violência sexual. “Falar de criança é falar de prioridade absoluta, e
infelizmente o que acontece com nossas crianças é este principio não é
respeitado. Isto causa revolta e indignação! Todas as instâncias precisam dar
sua contribuição para combater este crime bárbaro”, afirmou.
Avanços e retrocessos
O Promotor de Justiça da Infância, Márcio Thadeu falou sobre a
importância da realização da Semana Nacional de Enfrentamento Contra a
Violência Sexual. “Respeitando as vítimas, e até mesmo as vítimas não
reveladas é que temos que lembrar que a sociedade não admite a violência contra
crianças e adolescentes”, destacou.
Márcio Thadeu lamentou o fato do Maranhão não cumprir o acordo firmado
com a Organização dos Estados Americanos (OEA) depois da denúncia do Caso dos
“Meninos Emasculados”. Na avaliação do Promotor de Justiça, o Estado do
Maranhão precisa dar tratamento adequado às vítimas e promover a prevenção para
que casos tão bárbaros não voltem a acontecer.
“O Maranhão cresceu muito na luta contra a violência sexual com as
campanhas e no sistema da garantia de direitos por incentivo da sociedade
civil, com a criação do CPTCA, DPCA, etc. Porém todas as iniciativas estão
comprometidas por causa da omissão do Poder Público”, lamentou.
Ele lembrou que até agora não foi feito o concurso para perito no Centro
de Perícias Técnicas da Criança e do Adolescente, e apenas dois peritos são
concursados e os demais terceirizados, e finalizou o discurso destacando que o
Plano de Enfrentamento precisa ser transformado em uma política de estado em
respeito às vítimas.
“O Maranhão nunca deixou de estar entre os 10 estados com maior
número de denúncias no Disque 100. Mesmo assim, acredito que regredimos já que
não foi feito concurso para peritos, não temos delegacias especializadas nas
cidades do interior e a DPCA tem equipe menor do que quando foi criada”,
relatou.
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