segunda-feira, 19 de maio de 2014

PEDRINHAS: FUJA OU ESCOLHA O DIA DE MORRER

Já pensou se, sob a alegação de que seus parentes podem morrer a qualquer momento, familiares resolverem exigir na Justiça a libertação de presidiários?

JM Cunha Santos

 
Não é título de novela policial. É a realidade de uma penitenciária sem controle, sem administração e provavelmente governada pelo crime organizado. Uma penitenciária onde os cadáveres aparecem enquanto alguém programa o aparecimento de outros cadáveres. Como se em resposta à matéria da TV Globo (Profissão: Repórter, terça-feira) mais um morto “apareceu” em Pedrinhas. Jean Araújo Pereira, 19 anos é o décimo cadáver do Complexo Penitenciário de Pedrinhas este ano.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça são 60 assassinatos nessa cadeia de 2013 até aqui. Pedrinhas, como toda prisão, é um recinto fechado. Mas o Estado não consegue evitar nem o alto número de homicídios, nem as fugas constantes de presos, que na maioria das vezes escapam para matar de novo, apavorar e sitiar a sociedade.
A sensação é de desalento, de que estamos diante de um caso perdido. E pode até ser que muitos desses presos estejam fugindo para não morrerem assassinados atrás das grades.
A senadora Ana Rita, relatora de uma comissão que esteve em São Luís, disse com todas as letras que aquela penitenciária está sob controle do crime. Depois da morte da menina Ana Clara e do terror que se espalhou em São Luís, e diante da comoção internacional, assistimos à transferência de chefões do crime para presídios federais. Mas não adiantou. As mortes e as fugas em Pedrinhas continuam como se nada tivesse acontecido.
Paga a sociedade que assiste, perplexa, o recrudescimento da já insuportável violência na ilha de São Luís. As estatísticas apontam cerca de 800 homicídios somente no ano de 2013 e a cidade foi “eleita” uma das mais violentas do mundo. Alguns desses assassinatos foram cometidos por fugitivos daquela Penitenciária.
É responsabilidade legal do Estado manter os presos na cadeia e mantê-los vivos. Mas isso não acontece. Independente de quem gerencie a Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária. Não se trata de um ou outro assassinato, como ocorre em todas as prisões do país. No caso do Maranhão, é um verdadeiro genocídio.
O Estado falhou redondamente no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. A impressão que se tem é de que os presos não mais estão sob custódia do Estado. Já pensou se, sob a alegação de que seus parentes podem morrer a qualquer momento, familiares exigirem na Justiça a libertação de presidiários?

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