domingo, 15 de junho de 2014

Oração sexual

JM Cunha Santos

 
Concede-me, Deus – à graça
de provar a volúpía sem carne -
o direito à fornicação celestial
a das almas todas que se lambem
Concede-me, pois, o pudor mediúnico
dos que se regridem defumados pelo amor
 
Eu quero construir pessoas e tentei
e quando tento quebra alguma coisa
racham, não se materializam em vivos
partem-se ao meio, quebram nos cantos
como estátuas velhas de fumaça e cocaína
poeiras dos meus sentimentos ancestrais
 
Concede-me desse orgasmo moribundo
o risco sempre das palavras sem plural
para o gozo da alma cheia de ataduras
- não estou velho, estou sendo repetido –
ferida de dores que nunca são as mesmas 
e de transas poéticas nas bocas das vestais
 
Concede-me, pois, as bacanais fluentes
o prazer sem braços, o beijo sem salivas
o fluxo sem corpo de desejos concedidos
o êxtase sem pele nas glândulas dos deuses
para turvação imaterial dos meus sentidos
e filhos e filhas que não se quebrem jamais

3 comentários:

  1. Oz Plutan Vlaskoviskonovisk15 de junho de 2014 às 05:14

    ...me permite sugar o colostro da tua alma e elevar a minha fúria selvagem de prazer a maior elevação do desejo carnal, sem por um instante sequer desviar da criação...

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    1. ò mágico de Oz, o comentário tem a força de um poema. Obrigado e parabéns.

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  2. Oz Plutan Vlaskoviskonovisk16 de junho de 2014 às 01:11

    Poeta, eu que agradeço pela atenção.

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