quinta-feira, 12 de junho de 2014

OS CORRUPTOS NÃO SÃO FICTÍCIOS, DR. MARLON REIS

Foi na vigência do estado de Direito, em meio a embargos, arquivamentos e prescrição, que os corruptos aumentaram seu poder.

JM Cunha Santos

Dr. Marlon Reis
Quando era vigente a ditadura militar, os advogados tinham medo de defender – intelectuais, professores, estudantes, jornalistas, poetas, compositores, escritores – e os juízes estavam impedidos de julgar com imparcialidade presos políticos, torturadores e autoridades responsáveis por prisões arbitrárias e injustas. O Ministério Público praticamente foi desovado de suas funções pelos órgãos de repressão.
A Justiça foi mutilada a ponta de baioneta enquanto dedos-duros eram premiados com altos cargos no poder público deste país.
Nos dias de hoje - e muita gente pagou caro para que isso acontecesse – os advogados são livres para defender, os promotores são livres para denunciar e os juízes para julgar com isenção sem o temor de serem exilados, presos ou desaparecer na próxima esquina. E um tanto disso devem a uma imprensa que, apesar de toda censura, não aceitou se calar.
Custou tempo, deportação, torturas, desaparecimentos e mortes até que se restabelecesse no Brasil o estado de Direito.
Mas foi nesse estado de Direito, em meio a incontáveis tipos de recursos, segredo de Justiça, privilégios de foro, embargos de toda espécie, arquivamentos e prescrição, dentre outros, que os corruptos aumentaram seu poder. E, mais ainda, um tumulto jurisprudencial que cavou definitivamente uma casamata inexpugnável para quem rouba dinheiro público. No Brasil, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um corrupto pagar por seu crime na prisão. Por mais que isso seja a causa da pobreza, destruição do sistema de saúde da educação combalida e da falta de segurança no país.
O juiz Marlon Reis virou uma espécie de herói da Nação ao liderar o movimento em favor e defender com unhas e dentes a Lei da Ficha Limpa, um projeto construído com as mãos de um povo cansado de corrupção e de ver corruptos candidatos em busca de imunidades para se safar da Justiça. Parece que chegou a hora de Marlon Reis pagar pelo crime de proteger o Brasil. Todos pagam. Porque o corrupto fictício que criou no seu livro existe de fato e, para azar dele e do cidadão brasileiro, está no poder. Ele produz a legislação, confina o sistema jurídico, ganha eleição, assalta o dinheiro do povo, processa, ameaça, isola e “mata” quem ousa lhe desafiar. E eis aí o exemplo crasso do ministro Joaquim Barbosa, praticamente obrigado a se aposentar.
O corrupto não é fictício, Dr. Marlon Reis; a legislação às vezes é. Alguém sabe, de verdade, o que diabos significa “propaganda política antecipada negativa”, essa coisa cerzida nos fóruns como espantoso substituto dos crimes de calúnia e difamação quando a calúnia e a difamação são verdades incontestáveis?
Não passa de uma crosta, um poderoso casco de tartaruga destinado a evitar que o eleitor tenha uma visão real da vida pregressa dos candidatos. Embora seja o próprio TSE que sugira a esse eleitor todos os cuidados na hora de escolher em quem votar. Seja lá o que for, soa também como um embargo infringente à Lei da Ficha Limpa.
Para que livres, limpos e eleitos permaneçam os criminosos de colarinho branco deste país.
Acompanhe o Blog do JM Cunha Santos no twitter.

4 comentários:

  1. Oz Plutan Vlaskoviskonovisk12 de junho de 2014 às 06:58

    Poeta e Jornalista Cunha Santos, Adoro os seus escritos e forma de pensamento. Tenho orgulho de ser seu amigo. Um forte abraço. Oz.

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  2. Meucaro Cunha Santos, não custa nada repetir o o que disse o Grande Rui Barbosa;
    “De tanto ver crescer a INJUSTIÇA, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos MAUS, o homem chega a RIR-SE da honra, DESANIMAR_SE de justiça e TER VERGONHA de ser honesto”

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