Foi
na vigência do estado de Direito, em meio a embargos, arquivamentos e
prescrição, que os corruptos aumentaram seu poder.
JM
Cunha Santos
Dr. Marlon Reis |
Quando
era vigente a ditadura militar, os advogados tinham medo de defender – intelectuais,
professores, estudantes, jornalistas, poetas, compositores, escritores – e os
juízes estavam impedidos de julgar com imparcialidade presos políticos,
torturadores e autoridades responsáveis por prisões arbitrárias e injustas. O
Ministério Público praticamente foi desovado de suas funções pelos órgãos de
repressão.
A
Justiça foi mutilada a ponta de baioneta enquanto dedos-duros eram premiados com
altos cargos no poder público deste país.
Nos
dias de hoje - e muita gente pagou caro para que isso acontecesse – os
advogados são livres para defender, os promotores são livres para denunciar e
os juízes para julgar com isenção sem o temor de serem exilados, presos ou
desaparecer na próxima esquina. E um tanto disso devem a uma imprensa que,
apesar de toda censura, não aceitou se calar.
Custou
tempo, deportação, torturas, desaparecimentos e mortes até que se
restabelecesse no Brasil o estado de Direito.
Mas
foi nesse estado de Direito, em meio a incontáveis tipos de recursos, segredo de
Justiça, privilégios de foro, embargos de toda espécie, arquivamentos e
prescrição, dentre outros, que os corruptos aumentaram seu poder. E, mais
ainda, um tumulto jurisprudencial que cavou definitivamente uma casamata
inexpugnável para quem rouba dinheiro público. No Brasil, é mais fácil um
camelo passar pelo buraco de uma agulha que um corrupto pagar por seu crime na
prisão. Por mais que isso seja a causa da pobreza, destruição do sistema de
saúde da educação combalida e da falta de segurança no país.
O
juiz Marlon Reis virou uma espécie de herói da Nação ao liderar o movimento em
favor e defender com unhas e dentes a Lei da Ficha Limpa, um projeto construído
com as mãos de um povo cansado de corrupção e de ver corruptos candidatos em
busca de imunidades para se safar da Justiça. Parece que chegou a hora de
Marlon Reis pagar pelo crime de proteger o Brasil. Todos pagam. Porque o
corrupto fictício que criou no seu livro existe de fato e, para azar dele e do
cidadão brasileiro, está no poder. Ele produz a legislação, confina o sistema
jurídico, ganha eleição, assalta o dinheiro do povo, processa, ameaça, isola e
“mata” quem ousa lhe desafiar. E eis aí o exemplo crasso do ministro Joaquim
Barbosa, praticamente obrigado a se aposentar.
O
corrupto não é fictício, Dr. Marlon Reis; a legislação às vezes é. Alguém sabe,
de verdade, o que diabos significa “propaganda política antecipada negativa”, essa
coisa cerzida nos fóruns como espantoso substituto dos crimes de calúnia e
difamação quando a calúnia e a difamação são verdades incontestáveis?
Não
passa de uma crosta, um poderoso casco de tartaruga destinado a evitar que o
eleitor tenha uma visão real da vida pregressa dos candidatos. Embora seja o próprio
TSE que sugira a esse eleitor todos os cuidados na hora de escolher em quem
votar. Seja lá o que for, soa também como um embargo infringente à Lei da Ficha
Limpa.
Para
que livres, limpos e eleitos permaneçam os criminosos de colarinho branco deste
país.
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Poeta e Jornalista Cunha Santos, Adoro os seus escritos e forma de pensamento. Tenho orgulho de ser seu amigo. Um forte abraço. Oz.
ResponderExcluirA recíproca é verdadeira.
ExcluirMeucaro Cunha Santos, não custa nada repetir o o que disse o Grande Rui Barbosa;
ResponderExcluir“De tanto ver crescer a INJUSTIÇA, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos MAUS, o homem chega a RIR-SE da honra, DESANIMAR_SE de justiça e TER VERGONHA de ser honesto”
Na mosca, Macabeu,
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