Em
outros tempos, doleiro era apenas alguém que negociava dólares, uma pessoa
qualquer enfiada em casas de câmbio, atenta às altas e baixas de todas as
moedas. Com o passar do tempo, muitos se tornaram agentes de governos, passaram
a ser usados por grandes empresas envolvidas em corrupção, inclusive estatais,
inclusive no Brasil.
O
conhecimento das entranhas bancárias, das relações financeiras internacionais,
fez com que doleiros fossem cada vez mais usados para enterrar dinheiro público
roubado à Nação em paraísos fiscais e para intermediar negociatas que jamais
seriam concluídas sem a conseqüente lavagem de dinheiro roubado ao povo
empobrecido deste país. Tornaram-se importantes no Congresso, nas estatais,
passaram a negociar às escusas diretamente com governadores e ministros e o que
era uma profissão virou palavrão.
Alberto
Youssef, o doleiro preso aqui depois de sucessivas viagens a São Luís, em
circunstâncias nunca explicadas de forma convincente, teve seu sigilo bancário,
telefônico, fiscal e telemático quebrado pela CPI Mista do Congresso Nacional
que investiga a Petrobrás, maior empresa estatal do país e administrada pelo
Ministério das Minas e Energias, cujo titular é o maranhense Edison Lobão. É
acusado Youssef de movimentar, junto com Paulo Roberto Costa, executivo da
Petrobrás que também está na cadeia, 10 bilhões de reais.  É tanto dinheiro que até se estranha seu
interesse nos míseros precatórios do Maranhão. Parece que quando se trata de
corrupção e miséria no Brasil o Maranhão não fica fora de nada, aparece
envolvido em tudo de alguma forma.
Soubemos,
ontem, que os olhos do Tribunal de Contas da União repousam desconfiados e
atentos sobre o Ministério das Minas e Energias e que o ministro titular e vários
diretores do setor energético têm noventa dias para dar um monte de
explicações. As investigações vêem de toda parte. Do TCU, da CPI, da Polícia
Federal que prendeu o doleiro no Maranhão. E a quebra de sigilos atinge
diversas empresas relacionadas pela Polícia Federal e apontadas como parte do
esquema de lavagem de dinheiro no qual Costa e Youssef são acusados.
Não
é só a Petrobrás. O setor energético inteiro pode sofrer uma devassa histórica
no entrelaçamento das investigações. O setor energético que provocou uma
disputa acirrada entre e dentro do PMDB e do PT depois que Sarney anunciou sua
saída da vida pública. O governo perdeu o controle da CPI Mista, posto que os
16 parlamentares da comissão aprovaram à unanimidade os 80 requerimentos postos
em votação, de ontem para hoje.
O
relógio da bomba começou a contagem regressiva e o Maranhão que se prepare,
pois é quase certo que  estilhaços dessa
explosão no setor energético venham bater aqui. A Petrobrás parece ser o
estouro da boiada dessa eleição e há chifres demais apontando na direção desse
Estado. Fora do circuito, Sarney não tem mais como intervir para evitar a
explosão e nem Lula é mais presidente para garantir a impunidade da corrupção.

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