O Governo decidiu não correr
riscos e montou uma fraude que consistia em passar antes aos investigados as
perguntas que lhes seriam feitas pelos senadores
Graça Foster |
São Paulo - Um vídeo a que a Revista Veja teve
acesso revela que houve uma farsa na CPI da Petrobras. Segundo a denúncia
exclusiva, a CPI foi criada com o objetivo de não pegar os corruptos.
Ainda assim, o governo e a
liderança do PT decidiram não correr riscos e montaram uma fraude que consistia
em passar antes aos investigados as perguntas que lhes seriam feitas pelos
senadores.
Com vinte minutos de duração,
segundo a revista, o vídeo mostra uma reunião entre o chefe do escritório da
Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa
Bruno Ferreira e um terceiro personagem ainda desconhecido.
A decupagem do vídeo, segundo a
publicação, mostra que o encontro foi registrado por alguém que participava da
reunião ou estava na sala enquanto ela ocorria.
Veja descobriu que a gravação foi
feita com uma caneta dotada de uma microcâmera. De acordo com a publicação,
quem assiste ao vídeo do começo ao fim percebe claramente o que está sendo
tramado naquela sala. Segundo a revista, a fraude consistia em obter dos
parlamentares da CPI da Petrobras as perguntas que eles fariam aos investigados
e, de posse delas, treiná-los para responder a elas.
O momento mais cínico da farsa,
segundo a Veja, descobre-se agora e se deu no depoimento de Nestor Cerveró.
Depois que o ex-presidente Lula mandou o ex-presidente da Petrobras José Sérgio
Gabrielli parar de confrontar a presidente Dilma Rousseff, Cerveró se tornou o
principal motivo de apreensão do governo porque ameaçara desmentir a presidente
diante dos parlamentares.
Essa ameaça jamais se consumou.
No vídeo, uma das falas de Barrocas desfaz o mistério: ele insista em saber se
estava tudo certo para que chegassem às mãos de Cerveró as perguntas que lhe
seriam feitas na CPI.
Outros personagens citados como
peças-chave da transação são Paulo Argenta, assessor especial da Secretaria de
Relações Institucionais da Presidência da República; Marco Rogério de Souza,
assessor da liderança do governo no Senado; e Carlos Hetzel, assessor da
liderança do PT.
De acordo
com a denúncia, a eles coube fazer muitas das perguntas que alimentariam a
cadeia de ilegalidades entre investigados e investigadores. Barrocas conta também
que o senador Delcídio Amaral era peça-chave da operação para manter Cerveró
sob o cabresto governista, porque o senador foi padrinho político do ex-diretor
da Petrobras. (Exame.com)
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