terça-feira, 5 de agosto de 2014

Mulher, política e violência

Editorial JP, 5 de agosto

Um dado impressionante foi deixado pela deputada Gardênia Castelo quando do lançamento de sua candidatura e da do ex-prefeito João Castelo no auditório do Hotel Luzeiros, em São Luís: a cada duas horas uma mulher é morta, espancada ou desfigurada no Brasil. Provavelmente algumas pessoas já sabem disso, mas no auditório tomado em sua maioria por Senhoras, a declaração provocou um silêncio que nos leva a refletir sobre a própria condição humana, sobre a condição feminina e sobre a desagregação familiar.
A deputada criticou com muita convicção o descaso do poder público para com esse tipo de violência. E essa foi a principal verdade a intimidar todos os presentes. Recursos de todos os tipos, inclusive a Lei Maria da Penha, inclusive delegacias especializadas, já foram colocados pela sociedade à disposição das autoridades na tentativa de conter o crescimento dessa covardia inominável que, mais que em qualquer lugar, está dentro dos lares, no seio da família brasileira. Mas são recursos que, pelo menos por enquanto, têm se revelado insatisfatórios e precisamos saber porquê.
Em geral, essa é uma questão que só vem à tona quando se comemora o Dia Internacional da Mulher e os parlamentos e associações comunitárias abrem espaço para esse debate, como, aliás, faz todos os anos a Assembléia Legislativa do Maranhão. Mas essa violência denota a ausência de saúde familiar, denota desagregação e falta de Deus e amor no espírito dos homens.
Seria de bom alvitre aproveitar esse espaço da campanha política para trazer para dentro do seio da família esse debate. Com todas as suas nuances, com dados terríveis como esse, com soluções apontadas, com as razões do fracasso das autoridades no trato da violência contra a mulher.
A desagregação social imposta por todos os vícios de comportamento reflete diretamente nos lares brasileiros. E se estamos certos de que a violência das ruas, a violência das prisões, a violência política, estarão no centro do debate político que se há de travar no Maranhão e no Brasil, a proposta da deputada Gardênia Castelo de iniciar sua campanha trazendo para o centro das discussões as vítimas primeiras dessa desagregação, merece ser encampada como sinal de alerta dos próprios partidos políticos.
É uma forma de disseminar nossa preocupação e protestar contra a violência e a violência de gênero. Repita-se, pois, à exaustão, para que toda a sociedade tome conhecimento do que realmente acontece, que a cada duas horas uma mulher é morta, espancada ou desfigurada no Brasil. E não cobrem apenas campanhas alegres e propositivas que escondam realidades tão duras como essa. É nosso direito e dever proteger nossas mães, esposas e filhas, para além de qualquer outra conquista ou alegria que o exercício da política possa proporcionar.

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