A
normalidade democrática desaba à nossa volta, o cheiro de carniça política
exala e intui o perigo de sangue, mas a grande maioria parece não se aperceber
com o que estamos lidando e onde essa flagelação moral ainda pode nos levar.
JM
Cunha Santos
Estou
na estrada da cobertura dos fatos políticos desse Estado há pelo menos 30 anos.
Sem ver nada parecido com o que vejo agora. Dinheiro oferecido publicamente por
um candidato através de um programa de rádio, um senador quase sugerindo que
toquem fogo na Prefeitura, repórteres da Rede Globo emboscados no interior do
Maranhão.
E
mais: helicópteros atirando difamações do espaço, sindicalistas aparentemente corrompidos
para a promoção de greves polítizadas, total e recorrente desrespeito à
família, mascarados rondando familiares de um jornalista e proprietário de
instituto de pesquisas e a imprensa confinada por processos do PMDB na Justiça
do Maranhão.
Ao
melhor gosto das ditaduras, a censura prévia é uma realidade do rádio
maranhense. Todo mundo torce a boca e trava a língua para não dizer o que pensa
e não noticiar o que acontece. O Blog Marrapá sofreu a primeira ameaça de ser
retirado do ar, simplesmente por ter divulgado um diálogo áspero entre a
governadora e seu desafeto e candidato Edinho Lobão.
A
normalidade democrática desaba à nossa volta, o cheiro de carniça política
exala e intui o perigo de sangue, mas a grande maioria parece não se aperceber
com o que estamos lidando e onde essa flagelação moral ainda pode nos levar.
Não chamem isso só de baixaria. Instala-se, paulatinamente, no Maranhão, um
estado político de terror.
Terror.
O medo de processos está na pele, na alma da imprensa; o medo do que cai dos
helicópteros; o medo dos mascarados, das greves politizadas, o pavor do que
possa estar amanhã na internet, o medo da vigilância diária, dos grampos
telefônicos, do que possam dizer de pais, mães, esposas e filhos. Infelizmente,
o nome disso não é baixaria. É terror político, é flagelação moral.
Com
mais de 60 anos de idade e já lá se vão 40 de jornalismo, eu posso perceber na
política os sinais que antecedem a violência. E o primeiro deles é a violência
moral. Não estou aqui fazendo proselitismos; não é do meu feitio. Estou
realmente preocupado com o que ainda possa vir a acontecer no decorrer dessa
campanha política desvairada, com as conseqüências do terror político que, sem
nenhuma condescendência com a normalidade democrática, estão a implantar no
Maranhão.
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