quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Ao nível das baratas

Os bandidos que matam nossas mães e nossos filhos ganham importância política num Estado fulminado pela incompetência e pela corrupção.

 Editorial JP, 24 de setembro

 


É possível que o governo do Maranhão esteja permitindo que chamem para dentro da campanha política assassinos de crianças em uma última e desesperada tentativa de mudar a realidade eleitoral? São os homens que a poucos anos queimaram gente viva dentro de um ônibus, inclusive a mãe, uma criança que morreu e outra que escapou que agora produzem vídeos políticos contra Flávio Dino e, por conseqüência, favoráveis à candidatura de Edinho Lobão.

Os bandidos que queimam nossa cidade, matam nossas mães e nossos filhos, ganham importância política num Estado fulminado pela incompetência e pela corrupção. Não é só o Maranhão, é o próprio país que parece não ter governo, pois é esse um caso crasso de intervenção federal imediata, de por fim a esta insânia que remete a um desejo de genocídio, uma vontade de, se possível, atacar a população, atirar contra ela para que não vote em quem tem vontade de votar.

Nesse estado em que assassinos contumazes são libertos para passeios nos fins de semana, o Maranhão sufocado pela presença diária no noticiário policial do país, em que se tornou impossível até governar uma Penitenciária, a grande cartada política tem origem no conluio com membros de uma facção criminosa que negociam, sabe Deus com quem, a execração pública do principal adversário do governo. É descer demais, é ir ao nível das baratas, dos urubus que dançam sobre carne podre. E não se trata aqui de ser de um lado ou de outro, trata-se de defender o nosso Maranhão ferido, estropiado moralmente por uma tirania impossível até de se imaginar.

Não pensam os que assim agem que têm filhos, que têm esposas, mães e que eles são as vítimas preferenciais de um desvario nazista que pode atingi-los a qualquer momento. Não há o que explique isso. O poder não pode ser mais importante que a alma humana, não pode estar acima do contrato dos seres racionais com Deus.

E a imprensa, a parte da imprensa que alimenta essa insânia, porque não pedem demissão todos eles, pois é mais digno passar fome ou ir parar na cadeia, que acusar inocentes, ser parte física e mental de tanta degradação.

Em meio ao fogo, às mortes, a crianças caminhando em chamas, querem transformar esse Estado numa maldita Babilônia, uma terra governada por seres sem alma e sem coração.

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