Editorial
JP 9 de setembro
De
forma abjeta, o Maranhão desce a ladeira do desgosto. Escândalos de corrupção,
propinodutos, medo, notícias que correm o mundo a aumentar nossa vergonha. Um
governo que se vende, ministros que se sujam, candidatos monitorados, vigiados
pela Polícia Federal.
A
nossa terra, a terra de Gonçalves Dias, respira um ar rarefeito, de suspeita e
compaixão. Um instituto, o Ibope, anuncia uma realidade diferente, e muito do
que a realidade dos outros institutos já sacramentou. Mas quem ouve a voz das
ruas sabe a que alturas chegou a decepção do povo com certas lideranças
políticas do Maranhão.
Nas
entranhas do governo, a dolarização da alma maranhense faz aflorar sentimentos
humanos de revolta, constrangimento e humilhação.
No
programa “Fantástico”, da Rede Globo, aliados de Edinho Lobão são denunciados
por compra de votos e o ministro pai do candidato e a governadora são citados como
envolvidos num esquema de propinas que pode ter desviado do país nada menos que
R$ 10 bilhões. E, agora, é o PMDB que reclama do desvio de R$ 30 milhões
destinados ao Partido. A coisa extrapolou todos os níveis de decência pública,
pois ao que parece além de roubarem dinheiro do povo, roubam-se a si mesmos.
Os
escândalos se sucedem e lideranças políticas do Maranhão surgem em todos eles. Até
na Suiça, território de paraísos fiscais, as investigações sobre propinas podem
atingir políticos brasileiros e maranhenses. O Governo Federal faz ouvidos
moucos à indignação popular e, por enquanto, prefere não demitir seus
funcionários, seu Ministro das Minas e Energias, nem romper definitivamente com
seus aliados. Mas esse último escândalo é como uma bola de neve que cresce e se
repete nas cabeças, nas bocas, como diria o genial Chico Buarque de Holanda.
É
a conseqüência da permissividade da lei em relação aos corruptos no Brasil. Um
povo sem escolas, que assistiu ao declínio da segurança pública, assiste, hoje,
à garantia da impunidade. O voto do povo provavelmente será o não definitivo à
República Corrupta do PT. O ideal de mudança se propaga e vence a
bilateralidade dos programas sociais usados como combustível eleitoral. O povo
exige a lisura nos negócios públicos e, independente de quem vencer a eleição,
uma reforma política e outra, ainda mais difícil, a reforma moral que precisa
acontecer para que se reconquiste a dignidade do Estado.
“Liberdade,
ainda que tardia”, é o grito que saca dos pulmões dos maranhenses, pois se
sentem humilhados e feridos, indignados e vencidos pelo crime dos colarinhos
brancos, pelas feras que se refestelam qual nababos no berço esplêndido da
comparsaria e da associação criminosa.
Essa
é a guerra, sem armas e sem violência, que o povo não pode perder.
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