Editorial,
JP 18 de setembro
O
caráter de uma campanha política se expõe a partir das armas usadas contra os
adversários. O que não exclui a personalidade tortuosa dos que dessas armas se
utilizam e o perigo que representam para um Estado ou Nação. Já havíamos
chamado a atenção aqui para a pregação anti-comunista dos defensores do
candidato Lobão Filho, matéria que, agora, foi para as páginas do jornal o
Globo.
Na
mídia sarneisista, o candidato Flávio Dino, por integrar o PC do B, se transformou
em ameaça à democracia, à liberdade de expressão e até à fé religiosa dos
maranhenses. O Maranhão se tornaria uma espécie de Cuba, uma sucursal das
repúblicas soviéticas que, por sinal, se extinguiram com a glasnot e a queda do
muro de Berlim. Ao exagero da burrice e da falta de escrúpulos, um repórter
perguntou em São Luís sobre a implantação do regime imaginado por Marx e Engels
somente no Maranhão e outro, em Imperatriz, entrevistou uma “evangélica”
encapuzada que mentia sobre “esquerdistas” armados disparando armas de fogo
para o alto.
A
tentativa é criar um clima de terror na população religiosa; o crime é usar a
fé do povo em Deus para apavorar os eleitores. Não é pouco, mesmo para uma
gente que transformou Cafeteira em “assassino”, criando um cadáver, o de Reis
Pacheco, que nunca tinha morrido, mas apenas sumido convenientemente do
Maranhão.
O
interessante disso tudo é que, poucos dias depois dessa intentona, o próprio
Sarney confessaria ao blogueiro Robert Lobato ser um ex-comunista que só não se
filiou ao partido porque sua mãe não permitiu. E não permitiu porque estava
apavorada com o terror psicológico espalhado pelo regime militar para
justificar as prisões, exílios, mortes e torturas, práticas viris do período de
exceção. Estes, não eram atentados contra brasileiros, mas contra “comunistas”,
comunistas comiam criancinhas, coisa em que a propaganda nazi-fascista do
regime fez o povo acreditar.
Só
para anotar, foi com Sarney na Presidência da República que os partidos
comunistas foram legalizados no Brasil, uma das poucas coisas de que, como
presidente, costumava se orgulhar.
Por
apego ao dinheiro e ao poder, Sarney se tornou uma das principais lideranças
civis em defesa do regime de terror instalado no Brasil. E, com a maestria de
quem esteve tão próximo dos porões da ditadura, organiza seu séquito para hoje
espalhar o terror na população maranhense, utilizando-se de um exército de
neófitos que nenhum conhecimento tem sobre a história da humanidade, para
tentar reverter uma realidade eleitoral que lhe é infensa. Ainda uma vez por
apego ao dinheiro e ao poder.
O
que fez Sarney com os que no Brasil lutaram pela liberdade, aliando-se aos
fuzis, defendendo o silêncio imposto pelas baionetas, quer fazer agora com o
povo do Maranhão inteiro, criando aqui e somente aqui, um regime político-eleitoral
que antecede ao regime de terror que tanto defendeu.
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