Editorial
JP, 1 de outubro
Nem
sempre a idéia de poder traz embutida a força da coerção que o estado possui
para obrigar a fazer ou deixar de fazer. O que não se pode esquecer é que, nas
democracias, o poder político é, essencialmente, a vontade da maioria, expressa
através de governantes e representantes. Fora disso, estaremos pisando o
terreno perigoso das ditaduras, do totalitarismo, da coação sem qualquer visão
do bem público.
Esse
pequeno, mas imprescindível detalhe parece que foi esquecido durante quase meio
século de domínio da família Sarney no Maranhão. E ainda é presente agora, o
que se pode constatar na reunião que no Palácio dos Leões pretendeu reverter o
quadro francamente desfavorável ao candidato do governo, Edinho Lobão. O bem
público ficou de fora de todas aquelas proposições, desde que ficou claro que
governar agora é o que menos importa, mais importa é a qualquer custo vencer a
eleição. A qualquer custo, mesmo com o aparelhamento da máquina do Estado em
favor de uma candidatura, um golpe baixo contra a democracia.
Atos
e fatos que rondam essa campanha deixam os homens de bem à beira do pânico.
Trazer, por exemplo, para dentro das decisões políticas o discurso de uma
facção criminosa amaldiçoada pelo povo. È quando o desenrolar dos acontecimentos
nos coloca diante de trágicas premonições; é mais uma sensação de que algo de
muito ruim está por acontecer, como se o uivo dos ventos nos impregnasse de
certezas que não queremos ter. E dá uma vontade de pedir a todos que conhecemos
que tomem cuidados e de mais cuidados ainda ter com nosso próprio destino.
De
fato, o poder político pode se tornar discricionário e violento, promover
expurgos, ameaçar adversários, ganhar vida própria e descambar para a tirania.
À exação, o estado não mais promove o bem público, cobra rigorosamente a
fidelidade de um povo, invertendo as regras da democracia e da convivência
humana. É precisamente o que acontece no Maranhão neste momento: o poder
político oficializa a mentira, a difamação, a calúnia, a compra de votos e de
consciências e o discurso do ódio voa das bocas mais impróprias para, ao
dispêndio das piores intenções, vilipendiar as relações sociais.
Sobram-nos,
então, outras formas de poder. O poder do amor, o poder do subconsciente, o
poder do pensamento positivo, do bem e, muito especialmente, o poder da vontade
popular. E não podia ser assim nos regimes democráticos. Aqui, o povo vigia o
governo, porque o governo se sente no direito de se assenhorear da vontade do
povo. O poder político deixou de ser poder político e amiudou-se no mero
exercício da coação.
A
lógica dos tiranos é que o poder político lhes é dado por determinação
sobrenatural, lhes é aderente, incontestável e intransferível. Um presente dos
deuses a semideuses que na terra tudo podem, acima de todos os direitos e de
todas as leis.
É
isso que o Maranhão parece não suportar mais.
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