Editorial
JP 23 de dezembro
Quem
foi criança e aprendeu a ler neste país nos últimos 50 anos não esquecerá
jamais o grito de “Abre-te Césamo”, pronunciado por Ali Babá, o ladrão
romântico dos contos das mil e uma noites. Ao deixar a gruta, o personagem
gritava a plenos pulmões: “Fecha-te Césamo” e esse novo repto fechava a
montanha onde se guardavam os tesouros da rapinagem, dos furtos e assaltos
cometidos pelos 40 da quadrilha que ninguém conseguia prender.
Quando
lemos a lista dos políticos citados na delação premiada pelo ex-diretor da
Petrobrás, Paulo Roberto Costa e divulgada pelo jornal “O Estado de São Paulo”,
fica difícil não comparar a gruta de Ali Babá com o Palácio do Planalto.
Ministros, ex-ministros do governo Dilma, deputados, senadores, governadores e
ex-governadores ocultos na gruta da impunidade, aliados a empresários corruptos
e corruptores saquearam impiedosamente a Nação.
Estão
nessa lista o presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, o ministro maranhense das Minas e Energias,
Edison Lobão e a própria ex-ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman. São,
todos eles, representantes das principais instituições públicas do país. Em
outras palavras, avacalharam tudo, transformaram a República brasileira numa
espécie de República de Ali Babá, com a diferença de que, no caso, são as
autoridades do país que gritam “Abre-te Césamo” e “Fecha-te Césamo” enquanto
enterram em suas contas os tesouros do povo como, por exemplo, a saúde, a
segurança e a educação.
No
Maranhão, entretanto, há dois sinais positivos de que as instituições buscam se
proteger e proteger a população dessas organizações criminosas. Um deles vem
das palavras do presidente do TRE, Fróes Sobrinho, no instante mesmo da
diplomação dos eleitos, para quem “é preciso varrer a corrupção e a agiotagem
do Maranhão”; o outro sinal parte do governador eleito, Flávio Dino, que
promete combater a corrupção, as desigualdades sociais e acena com auditorias
nas secretarias do Estado. De fato, depois do que assistimos nos últimos meses
não se pode ter mais nenhum tipo de contemplação com a corrupção neste país,
principalmente no Maranhão.
Em
seu discurso, o governador eleito citou dados do PNAD segundo os quais o
Maranhão é o estado com maior número de pessoas em situação de insegurança
alimentar. Em outras palavras, a fome ainda ronda metade da população
maranhense. Fome: na definição do governador eleito palavra forte, aguda,
cortante, que não podemos esquecer.
“Fecha-te
Césamo”. E é, de fato, preciso fechar para sempre essa montanha, essa gruta de
corrupção e agiotagem onde tantos se esconderam durante tanto tempo, imunes à
Justiça, vivendo como nababos, fazendo do Brasil e do Maranhão verdadeiras Repúblicas
de Ali Babá.
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