Editorial
JP, 13 de março
As
galerias da Assembleia estavam lotadas de professores quando o deputado
Wellington do Curso ocupou a tribuna para soltar mais uma de suas incorrigíveis
metáforas. Desta vez, referiu-se às expressões “copo meio cheio” e “copo meio
vazio” para criticar a recente contratação temporária de mil professores pelo
governo do Estado. Os professores presentes às galerias fazem parte de um
contingente de 3.500 excedentes do concurso de 2009 e estão em busca de uma
definitiva contratação.
Que
os copos da educação estavam completamente vazios no Maranhão, há pelo menos
cinco décadas, não resta qualquer dúvida. A recente herança no setor deixada
pela governadora Roseana Sarney, de escolas sucateadas ou funcionando em casas
de taipa, palha e galpões, é apenas mais visível, porque mais recente. Mas o
histórico da educação no Estado é depreciativo. Somente na gestão do
ex-governador José Reinaldo Tavares o ensino médio chegou a todos os municípios
do Maranhão. Por aí dá para avaliar que a educação não estava sendo tratada
como prioridade.
O
deputado Wellington do Curso acusa o governo de improviso e de adotar medidas
corretivas com a recente contratação de mil professores. Seus argumentos, no
entanto, foram contestados pelo deputado César Pires, ex-secretário de
Educação, para quem é humanamente impossível evitar contratações temporárias no
setor. Citou o exemplo de 200 mulheres grávidas com direito a 4 meses de
licença que precisam ser substituídas imediatamente e lembrou que somente este
ano 5 mil professores devem estar se aposentando.
É
preciso não esquecer que em apenas dois meses o governador Flávio Dino garantiu
aos professores progressões que motivaram tantas greves, o piso nacional de
salário, reajustou em 15 % os salários dos professores contratados e anunciou,
ainda para este ano, um concurso para 6 mil vagas no Magistério.
São
conquistas históricas, mas sobra ainda o dilema de 3.500 excedentes do ano de
2009 que esperam ser aproveitados sem se submeter a nenhum tipo de seleção. O
deputado Roberto Costa acredita que a contratação temporária está diretamente
ligada a uma questão econômica. Um professor contratado, segundo ele, custa ao
Estado 900 reais e um professor concursado quase 3 mil reais. Vê-se, logo, que,
em 14 anos de governo, Roseana Sarney economizou muito.
Mas
não é este o centro nevrálgico da questão. Nós bem que sabemos quem esvaziou os
copos da educação no Estado e porque esvaziou e até achamos salutar que queiram
enchê-lo agora que temos um governo evidentemente voltado para o social. O
centro nevrálgico da questão é que educação está voltando a ser prioridade e o
problema dos excedentes de 2009 precisa ser resolvido da melhor maneira para
eles e para o Maranhão.
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