sexta-feira, 13 de março de 2015

Os copos vazios da educação

Editorial JP, 13 de março

As galerias da Assembleia estavam lotadas de professores quando o deputado Wellington do Curso ocupou a tribuna para soltar mais uma de suas incorrigíveis metáforas. Desta vez, referiu-se às expressões “copo meio cheio” e “copo meio vazio” para criticar a recente contratação temporária de mil professores pelo governo do Estado. Os professores presentes às galerias fazem parte de um contingente de 3.500 excedentes do concurso de 2009 e estão em busca de uma definitiva contratação.
Que os copos da educação estavam completamente vazios no Maranhão, há pelo menos cinco décadas, não resta qualquer dúvida. A recente herança no setor deixada pela governadora Roseana Sarney, de escolas sucateadas ou funcionando em casas de taipa, palha e galpões, é apenas mais visível, porque mais recente. Mas o histórico da educação no Estado é depreciativo. Somente na gestão do ex-governador José Reinaldo Tavares o ensino médio chegou a todos os municípios do Maranhão. Por aí dá para avaliar que a educação não estava sendo tratada como prioridade.
O deputado Wellington do Curso acusa o governo de improviso e de adotar medidas corretivas com a recente contratação de mil professores. Seus argumentos, no entanto, foram contestados pelo deputado César Pires, ex-secretário de Educação, para quem é humanamente impossível evitar contratações temporárias no setor. Citou o exemplo de 200 mulheres grávidas com direito a 4 meses de licença que precisam ser substituídas imediatamente e lembrou que somente este ano 5 mil professores devem estar se aposentando.
É preciso não esquecer que em apenas dois meses o governador Flávio Dino garantiu aos professores progressões que motivaram tantas greves, o piso nacional de salário, reajustou em 15 % os salários dos professores contratados e anunciou, ainda para este ano, um concurso para 6 mil vagas no Magistério.
São conquistas históricas, mas sobra ainda o dilema de 3.500 excedentes do ano de 2009 que esperam ser aproveitados sem se submeter a nenhum tipo de seleção. O deputado Roberto Costa acredita que a contratação temporária está diretamente ligada a uma questão econômica. Um professor contratado, segundo ele, custa ao Estado 900 reais e um professor concursado quase 3 mil reais. Vê-se, logo, que, em 14 anos de governo, Roseana Sarney economizou muito.

Mas não é este o centro nevrálgico da questão. Nós bem que sabemos quem esvaziou os copos da educação no Estado e porque esvaziou e até achamos salutar que queiram enchê-lo agora que temos um governo evidentemente voltado para o social. O centro nevrálgico da questão é que educação está voltando a ser prioridade e o problema dos excedentes de 2009 precisa ser resolvido da melhor maneira para eles e para o Maranhão.     

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