Editorial
JP,14 de abril
Toda
notícia mentirosa traz em si o desejo mal contido de que seja verdade. Por trás da notícia falsa,
escondem-se intenções rasteiras, alinham-se propósitos secundários, tem, quase
sempre, a personalidade tortuosa jamais revelada, de quem a produziu. Não há
lugar mais fácil para localizar más intenções e vontades réprobas que na origem
de uma inverdade sobre alguém, alguma instituição ou acontecimento. E mais:
tende a acreditar e a espalhar com mais facilidade na mentira os que torcem,
consciente e inconscientemente, para que o fato insólito seja verdadeiro.
Farsas
e mentiras as mais escabrosas são plantadas na internet todos os dias e trazem
todas elas o vil sabor da indecência pública, da inveja, da frustração pessoal
e do complexo de inferioridade. Alguns exemplos recentes de notícias plantadas
com a evidente intenção de prejudicar a outrem são de fazer cair o queixo de
qualquer um. Divulgaram na internet, com lide, sub lide e todas as demais
técnicas do jornalismo que o padre Fábio de Melo fora amaldiçoado pela igreja
católica. Inventaram e divulgaram apoplético deputado de extrema direita Jair
Bolsonaro tinha apresentado na Câmara Federal um projeto de lei propondo separar o sangue
doado pelos gays, vai ver para evitar misturas sexuais indesejáveis. Um site
divulgou que a Igreja Universal do Reino de Deus estava vendendo escrituras de
terrenos no céu. Nada muito diferente da invenção do Jornal de Sarney, há
alguns anos, no calor da disputa política, de que Cafeteira havia mandado matar
um homem que ainda estava vivo, Reis Pacheco.
Percebe-se,
e não é de hoje, em alguns textos da imprensa sarneisista, o desejo incontido
de que o Complexo Penitenciário de Pedrinhas retorne ao estado de explosão,
sublevação e domínio do crime organizado que viveu durante a confusa gestão de
Roseana Sarney. Assim como se sente que essa imprensa se alegra e compraz a
cada crime de latrocínio, cada desova, todo o e qualquer registro de homicídios
em São Luís. O terror vivido pela população durante a gestão das cabeças
cortadas, das fugas e rebeliões quase diárias é o ideal que mal conseguem
esconder porque isso atingiria frontalmente o governo Flávio Dino. Chegam a
entrevistar supostos bandidos, cujos nomes nunca são revelados, na intenção de
espalhar o terror. Precisam fazer comparações e pouco importa quantos tenham
que sofrer e morrer para isso.
De
ontem para hoje, se apressaram em noticiar uma rebelião no presídio de
Pedreiras que jamais aconteceu. A notícia não foi dada nem espalhada com a
preocupação normal de quem se depara com
motins em sistemas carcerários, mas com inegável satisfação de quem
alcançou uma vitória, rodeada de pontos de exclamação, aos gritos de “extra!
extra!, revelando sua fugacidade na ausência de um único fato que fosse, um
único nome, uma única entrevista ou declaração. Queriam, desejavam que
acontecesse e, assim, não se preocuparam em apurar se era verdade ou não.
Cometeram, propositadamente ou não, o maior erro que um jornalista pode
cometer.
Notícia
sem fonte, sem fundamento, pura maldade. Os inimigos da democracia, que não se
conformam com a queda do império sarneisista, se encarregaram de potencializar
um boato cuja origem mistura, no mesmo balde de excrescências, inconformismo,
ódio e total ausência de escrúpulos, pilares da pior política já praticada no
Brasil. Não se importam de espalhar o pânico, o terror; só o que querem é dar
alguma satisfação ao anjo decaído José Sarney. Pior é que isso leva ao
descrédito da imprensa, a um estágio de manipulação da informação preocupante,
de onde se divisa o nível de vale-tudo que prometem para a política do
Maranhão.
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