O
Globo
A delação premiada do dono da
construtora UTC, Ricardo Pessoa, tratou de um suposto esquema de pagamento de
propina em contratos de obras da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis,
segundo fontes com acesso às investigações no Supremo Tribunal Federal (STF).
Pessoa, apontado como chefe do chamado “clube do cartel”, teria detalhado
pagamentos envolvendo parlamentares do PMDB e gestores da Eletrobras Eletronuclear,
órgão responsável pelas obras da usina. A delação é conduzida sob sigilo pela
Procuradoria Geral da República.
O
depoimento de Pessoa reforça o teor da delação do ex-presidente da Camargo
Corrêa Dalton Avancini. Ele também decidiu colaborar com a Justiça em troca de
um alívio nas penas. Segundo Avancini, coube à UTC, com participação de Pessoa,
convocar uma reunião para acertar propina ao PMDB e a dirigentes da
Eletronuclear, entre eles o presidente da estatal, almirante Othon Luiz
Pinheiro da Silva.
O
executivo relatou uma organização em cartel das empreiteiras para fatiar
contratos, como ocorreu na Petrobras. As revelações sobre o depoimento de
Avancini foram feitas pelo “Jornal Nacional” em 25 de abril. O presidente da
Eletronuclear se licenciou do cargo quatro dias depois.
INTEGRANTES DE CARTEL
A
UTC e a Camargo Corrêa são acusadas de integrar o cartel que negociou contratos
na Petrobras. Pessoa e Avancini ficaram presos em Curitiba devido ao suposto
envolvimento no esquema. O dono da UTC aderiu à delação premiada após ser
transferido para prisão domiciliar. O acordo é com a procuradoria, no âmbito
das investigações em curso no STF, por conta das citações a autoridades com
foro privilegiado.
O
ex-presidente da Camargo Corrêa decidiu fazer a delação quando estava num
presídio. Ele deixou o cárcere por conta da colaboração. Os depoimentos foram
para a equipe de procuradores da força-tarefa em Curitiba.
A delação de Pessoa ainda está em curso e depende de homologação do STF.
Já se sabe que ele citou como beneficiário do esquema o senador Edison Lobão
(PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, e a ex-governadora do Maranhão
Roseana Sarney (PMDB). Os dois já são investigados em inquéritos no STF. Uma
autoridade militar com atuação no setor elétrico também foi citada por Pessoa.
O GLOBO não confirmou se a referência foi a Othon Luiz, da Eletronuclear. A
Eletrobras afirmou que nenhuma irregularidade foi identificada até agora em
Angra 3.
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