quinta-feira, 10 de setembro de 2015

O povo e os equilibristas

Editorial JP, 10 de setembro

A injustiça social tem números fulgurantes na economia. Menos de 1 % dos contribuintes concentram cerca de 30 % de toda a riqueza declarada em bens e ativos financeiros; 0,3 % dos declarantes do imposto de renda concentraram, em 2013, 14 % da renda total e 21,7 % da riqueza, totalizando rendimentos de R$ 298 bilhões e patrimônio de 1,2 trilhão.
As saídas da crise econômica propostas pelo governo Dilma, tendem a tornar ainda mais injusta a injustiça. Aumentar o imposto de renda da pessoa física e, também, aumentar os tributos que incidem sobre o consumo, como a Cide (combustíveis) e IPI (imposto sobre produtos industrializados), além do IOF (imposto sobre operações financeiras). No popular, quem for pobre que se exploda, pois como reconhece o próprio ministro Joaquim Levy, no Brasil nunca foi viável aumentar apenas os impostos dos ricos.
Um alerta feito pelo governador Flávio Dino ilustra essa afirmação. Segundo ele, “poucos e grandes grupos econômicos respondem por enorme parcela da dívida ativa da União. Usam dinheiro sonegado como capital de giro”. E os gadanhos do ministro Levy deixam à mostra as reais intenções do governo. “Nem sempre é fácil tributar a receita mais alta”, diz ele. Não é mesmo, pois a mais baixa paga uma mastodôntica carga de tributos.
No fim, a disposição é de que o brasileiro mais pobre pague a conta da corrupção e da ingerência administrativa do governo do PT. E não vai pagar apenas com tomates e cebolas, vai pagar na boca do caixa, através do aumento de impostos, com a retenção compulsória de uma fatia maior do salário do trabalhador.
Dilma não descarta a necessidade de novas fontes de receita para cobrir o astronômico déficit orçamentário de R$ 30,5 bilhões. Se for tirar dos ricos e sonegadores, estará colocando a própria cabeça a prêmio. Esses, (ricos e sonegadores) não admitem redução nos lucros, são viciados em sonegação e conhecem os caminhos para tirar do caminho presidentes impopulares e indesejáveis. E têm bala de canhão para alimentar intrigas políticas.
Assim, a farra nos gastos públicos, a imprudência e imperícia governamental e a corrupção vão ser pagas pelo já sacrificado “zé povinho”.  A ponte fiscal sustentável do senhor Joaquim Levy terá o povo pobre como estacas. Os novos equilibristas das contas públicas preferem deixar o povo “no arame” (farpado) que reduzir o tamanho da máquina de moer ossos do governo, por exemplo. Atacaram o seguro-desemprego, majoraram as contas de luz, dos combustíveis, se dispõem a aumentar impostos de consumo, mas não se arriscam a reduzir juros e tributar lucros e fortunas.

O equilíbrio das contas públicas só lhes parece viável através do desequilíbrio funcional da população. O resto é pra inglês ver.  

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