Editorial
JP, 10 de setembro
A
injustiça social tem números fulgurantes na economia. Menos de 1 % dos
contribuintes concentram cerca de 30 % de toda a riqueza declarada em bens e
ativos financeiros; 0,3 % dos declarantes do imposto de renda concentraram, em
2013, 14 % da renda total e 21,7 % da riqueza, totalizando rendimentos de R$
298 bilhões e patrimônio de 1,2 trilhão.
As
saídas da crise econômica propostas pelo governo Dilma, tendem a tornar ainda
mais injusta a injustiça. Aumentar o imposto de renda da pessoa física e,
também, aumentar os tributos que incidem sobre o consumo, como a Cide
(combustíveis) e IPI (imposto sobre produtos industrializados), além do IOF
(imposto sobre operações financeiras). No popular, quem for pobre que se
exploda, pois como reconhece o próprio ministro Joaquim Levy, no Brasil nunca
foi viável aumentar apenas os impostos dos ricos.
Um
alerta feito pelo governador Flávio Dino ilustra essa afirmação. Segundo ele,
“poucos e grandes grupos econômicos respondem por enorme parcela da dívida
ativa da União. Usam dinheiro sonegado como capital de giro”. E os gadanhos do
ministro Levy deixam à mostra as reais intenções do governo. “Nem sempre é
fácil tributar a receita mais alta”, diz ele. Não é mesmo, pois a mais baixa
paga uma mastodôntica carga de tributos.
No
fim, a disposição é de que o brasileiro mais pobre pague a conta da corrupção e
da ingerência administrativa do governo do PT. E não vai pagar apenas com
tomates e cebolas, vai pagar na boca do caixa, através do aumento de impostos,
com a retenção compulsória de uma fatia maior do salário do trabalhador.
Dilma
não descarta a necessidade de novas fontes de receita para cobrir o astronômico
déficit orçamentário de R$ 30,5 bilhões. Se for tirar dos ricos e sonegadores,
estará colocando a própria cabeça a prêmio. Esses, (ricos e sonegadores) não
admitem redução nos lucros, são viciados em sonegação e conhecem os caminhos
para tirar do caminho presidentes impopulares e indesejáveis. E têm bala de
canhão para alimentar intrigas políticas.
Assim,
a farra nos gastos públicos, a imprudência e imperícia governamental e a
corrupção vão ser pagas pelo já sacrificado “zé povinho”. A ponte fiscal sustentável do senhor Joaquim
Levy terá o povo pobre como estacas. Os novos equilibristas das contas públicas
preferem deixar o povo “no arame” (farpado) que reduzir o tamanho da máquina de
moer ossos do governo, por exemplo. Atacaram o seguro-desemprego, majoraram as
contas de luz, dos combustíveis, se dispõem a aumentar impostos de consumo, mas
não se arriscam a reduzir juros e tributar lucros e fortunas.
O
equilíbrio das contas públicas só lhes parece viável através do desequilíbrio
funcional da população. O resto é pra inglês ver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário