JM
Cunha Santos
Um
episódio na Assessoria de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública do
Maranhão veio mostrar que há pessoas muito dignas no exercício dessa profissão.
E uma delas, certamente, é o jovem jornalista Anselmo Oliveira. Ao noticiar o
início de um curso de formação de delegados, agentes e peritos na Academia de
Polícia, o estagiário os tratou por futuros oficiais da Polícia Civil. Um erro,
claro, já que não há oficiais na polícia judiciaria.
Erro
que eu, a despeito dos meus quase 40 anos de profissão, ajudei a cometer, pois
ao revisar a matéria, por dispersão, distração ou, talvez, cansaço, deixei
passar. A correção foi feita, mas é muito cômodo para quem não é obrigado a
escrever todos os dias, criticar gafes dessa natureza. Como repórter que é
Anselmo escreve todos os dias e várias vezes por dia. E tem um bom texto. E
afirmo que na minha juventude cometi gafes bem piores. Ainda posso lembrar o
velho jornalista Ribamar Bogea anunciando na primeira página do Jornal Pequeno:
“Os erros da página 3 (e eram muitos) são produtos de cochilos do jornalista
Cunha Santos Filho”. Era eu.
Mas
eu falava de dignidade. Quando, diante de tantas reclamações e contestações,
indaguei ao Anselmo se no decorrer da reportagem alguém havia usado o termo
“oficiais”, ele nem pestanejou. Assumiu o erro, apesar de todo o barulho que, a
essas alturas, já faziam nas redes sociais. Sem desculpas, sem procurar
culpados, encarando todas as possíveis consequências e até tentativas de
ridicularização de internautas com interesses outros e inconfessos. “Não, fui eu mesmo. Eu mesmo coloquei a
palavra lá”, foi o que me respondeu.
A
humildade e a dignidade de assumir os próprios erros é, sem sobra de dúvidas,
uma virtude rara nos dias de hoje. Anselmo pode, sim, ter sido induzido ao
erro, embora seja mais provável que o tenha cometido sozinho. Só não posso
deixar de saudar sua rara dignidade profissional e a retidão de caráter
que constrói ainda no início da
carreira.
Alguns
até perguntarão porque gasto tempo escrevendo sobre um incidente que parece tão
banal. Não é banal. Ultimamente tenho assistido a tanto ato de indignidade
nessa profissão, que esse, de dignidade, altruísmo e respeito próprio me lavou
a alma.
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