Ministério
Público teve acesso a gravação em que o senador e o banqueiro André Esteves
fazem ofertas à família de ex-diretor da Petrobras para que ele não fizesse
delação premiada. Prova foi determinante para a prisão do líder do governo no
Senado
Senador foi preso na manhã desta quarta-feira,
acusado de obstruir as investigações
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A Procuradoria-Geral da República informou ao
Supremo Tribunal Federal (STF) que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS)
ofereceu uma rota de fuga e R$ 50 mil mensais ao ex-diretor da Petrobras Nestor
Cerveró para que ele não fizesse acordo de delação premiada ou que não o
envolvesse nas investigações.
De acordo com o ministro Teori Zavascki, do STF, que decretou a prisão
de Delcídio, a mesada seria repassada à família do ex-diretor da estatal por
meio de um contrato fictício a ser celebrado entre o advogado Edson Ribeiro,
que defendia Cerveró, e o BTG Pactual, do banqueiro André Esteves. Os
dois também foram presos esta manhã, assim como o senador e seu chefe de
gabinete, Diogo Ferreira.
Como prova, a PGR anexou gravações feitas por Bernardo Cerveró, filho de
Nestor, em reuniões realizadas nos dias 4 e 19 de novembro, quando se encontrou
com o parlamentar e o banqueiro.
Ainda de acordo com o ministro, Delcídio prometeu usar de influência
para ajudar o ex-diretor em julgamentos no Supremo. Entre outras coisas, o
senador disse que intercederia com o próprio Teori, relator da Lava Jato no
STF, e o ministro Dias Toffoli, presidente da 2ª Turma, e que marcaria conversa
com outro ministro, Edson Fachin. Afirmou, ainda, que pediria ajuda ao
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e ao vice-presidente, Michel
Temer (PMDB) para falar com o ministro Gilmar Mendes.
“O presente caso apresenta linha de muito maior gravidade. O parlamentar
não está praticando crimes qualquer, está atentando contra a própria jurisdição
do Supremo Tribunal Federal”, criticou Teori.
De acordo com a PGR, Delcídio e Esteves tentaram tiveram “atuação
concreta e intensa” para “embaraçar as investigações”, na tentativa de impedir
a delação premiada de Cerveró.
No áudio, o senador
sugere uma rota de fuga para o ex-diretor da Petrobras: seguir de carro até o
Paraguai e, de lá, para a Espanha em um jatinho que não precisasse fazer
escala. Cerveró, que está preso desde o início do ano, também tem cidadania
espanhola.
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