sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Eleição direta nas escolas

Editorial JP, 11 de dezembro
A construção do regime democrático não acontece apenas quando se quebra uma ordem ditatorial estabelecida; é preciso repor, paulatinamente, o estado de direito que vem com a livre manifestação, a liberdade de expressão e o direito de escolha. Períodos ditatoriais ocorridos de forma recorrente aleijaram a democracia brasileira. Foi uma longa caminhada até o direito de escolher nossos governantes, até que manifestações populares deixassem de ser tratadas como crime de subversão, até a relativa liberdade de imprensa que temos hoje.
Podemos lembrar os duros tempos em que diretores de escolas eram escolhidos por governadores e prefeitos, geralmente por indicação de algum aliado poderoso para satisfazer grupos políticos localizados em disputas eleitorais. Um diretor de escola, assim, se transmudava para uma espécie de guardião dos interesses do poder, um agente público designado muito mais para atender a interesses de chefes políticos que para gerenciar uma escola. O diretor que não rezasse na cartilha dos poderosos era sumariamente demitido ou transferido. Um verdadeiro ato de tirania.
A escolha dos gestores escolares em todo o Maranhão, hoje, por quase 500 mil maranhenses é um marco na história das conquistas democráticas no Brasil. Uma luta que, provavelmente, nasceu nas universidades, no limiar de regimes de exceção que nomeavam reitores pusilanimemente preparados para justificar aqueles regimes. E esse avanço democrático mais nos orgulha pelo pioneirismo do Maranhão, que se inscreve na História entre os primeiros estados a realizar eleições diretas para gestores escolares. Coincidentemente, a Bahia realizou, também na data de ontem, a primeira eleição direta nas escolas.
A eleição, que ocorre em 455 escolas do governo do Estado, com a participação de toda a comunidade escolar, é mais um ato a revelar a transparência e a inevitável predileção do governo pela democracia, a liberdade de escolha que durante tanto tempo nos foi negada nos mais diversos setores da vida pública e da vida privada. São mais de 400 mil eleitores cadastrados para mostrar, votando, que democracia real não é apanágio apenas do primeiro mundo.
“Estamos vivenciando um momento importante na educação do Maranhão. O governador Flávio Dino compreende que a gestão escolar democrática é aquela que rompe com as práticas individualistas e leva a produzir melhores resultados de aprendizagem dos estudantes. Este é o exemplo que queremos dar”, afirmou a secretária de educação, Áurea Prazeres.

E, sem sombra de dúvidas, são exemplos como este que o Maranhão espera de um novo modo de governar que nasce no Maranhão.

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