Da Folha de São Paulo
No despacho que tornou públicas as conversas do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o juiz Sergio Moro afirmou que o “interesse público”
impôs o fim da continuidade do sigilo sobre os grampos. Segundo ele, a
publicidade sobre as conversas telefônicas do ex-presidente permitirá o
“saudável escrutínio público” sobre a administração pública.
“A democracia em
uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes,
mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras”, escreveu Moro.
Em seguida, o
magistrado citou a prisão de Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) em novembro por
tentativa de obstruir a Justiça ao negociar o pagamento de uma mesada à família
do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não se tornasse delator.
O juiz incluiu no
inquérito que tramita em Curitiba uma conversa telefônica entre o ex-presidente
Lula e a presidente Dilma Rousseff, na qual ela diz que encaminhará a ele o
“termo de posse” de ministro. Dilma diz a Lula que o termo de posse só seria
usado “em caso de necessidade”.
Os investigadores
da Lava Jato interpretaram o diálogo como uma tentativa de Dilma de evitar uma
eventual prisão de Lula. Se houvesse um mandado do juiz, de acordo com essa
interpretação, Lula mostraria o termo de posse como ministro e, em tese ficaria
livre da prisão.
O Palácio do
Planalto divulgou nota em que apresenta sua versão sobre o telefonema acerca do
termo de posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Casa Civil e repudia a
divulgação do áudio feito por Moro. Segundo ela, iniciativa foi uma “afronta
aos direitos e garantias” da Presidência da República.
Segundo o Planalto,
Lula iria tomar posse nesta quinta (17), diferentemente do que todos os
ministros envolvidos na operação do anúncio de sua entrada no governo vinham
falando –a data prevista era de terça-feira (22).
Assim, diz a nota,
Dilma apenas enviou o termo de posse para Lula assinar, já que sua presença na
cerimônia não era certa. A nota não faz referência ao uso “em qualquer
necessidade” do documento, como a presidente diz na gravação legal da Polícia
Federal.
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