JUÍZES E SEMIDEUSES
Minos e Radamanto não sonhariam com
tanto poder. Vamos calcular que uma média de, pelo menos, 100 milhões de
brasileiros utilizam hoje o aplicativo Wahtsapp. Para marcar encontros, fechar
negócios, trabalhar, estabelecer miniconferências, desfazer dúvidas. Tratar,
enfim, de todos os assuntos possíveis e imagináveis. E a toda hora um juiz
singular Bumba! Tira do ar o aplicativo no país inteiro. No país inteiro.
A alegação é quase sempre a mesma: o não
fornecimento de informações a uma investigação policial. E a exigência também:
a desestabilização da chave de criptografia. A maioria dos usuários nem sabe o
que é isso, assim como eu. Mas eu sei que cortar a comunicação entre 100
milhões de pessoas é quase um ato de lesa universo.
Francesco Carnelutti, um mestre italiano
do Direito, dizia que “Para ser juiz um homem deveria ser mais que um homem”. A
doutora Daniela Barbosa é. Conseguiu, com uma única canetada, calar 100 milhões
de pessoas. E ainda encontrou explicações legais para o ato. É coisa de
semideuses.
A dor de Maristela
JM Cunha Santos
Eu encontrei a dor de Maristela
Num beco escuro fundo inesgotável
Dentro de mim no último lá sufocado
longe da minha alma
Eu encontrei a dor de Maristela
Conversando com a minha
E falavam sobre pingos de luz
que não mais desabam, sobre flores
que se rasgam todo dia, sobre
raios de sol que não mais iluminam,
sobre
distâncias que se movem e crescem mais
Eu encontrei a dor de Maristela
Num cubículo sem porta feito de futuro
Num pássaro caindo de todas as janelas
Num balde de corações feridos e
sangrando
encontrei a dela minha toda dor do mundo
e que lhe disse-me de quilômetros de
silêncio eterno
e de um corpo imóvel para sempre na
cabeça
Eu encontrei a dor de Maristela
Num túnel sem vão do lugar incomum
no impenetrável abscôndito sangrando
Dentro de mim no depois de mais ainda
eu encontrei a dor de Maristela
e era maior tão grande quanto o mesmo
tamanho
porque vasava e se prolongava e se
esticava para muito depois do ali
Eu encontrei a dor de Maristela
Nas mãos de um Deus que transformava
tudo em filhos
Eu encontrei aquela dor sem placas
conversando com a minha
Sobre a carga insuportável de ser nossa
dor
(Pedreiras,
junho de 2016)
ESTRADA DO ARROZ E ESTRADA DA FARINHA
Com o nome do padre Josimo, o governador
Flávio Dino inaugurou a famosa Estrada do Arroz, sempre iniciada nunca
concluída no governo Roseana Sarney. E eu lembrei de uma das mais escandalosos
peripécias do governo Roseana, sob a gestão de Fernando Fialho na Secretaria de
Desenvolvimento Social: o pagamento de R$ 4 milhões à Fundação Vera Macieira
pela abertura de uma estrada no povoado “Centro”, no município da Raposa. O
problema é que o povoado não existia e a Fundação não tinha endereço. O
dinheiro público esfarinhou-se mais uma vez.
O TERROR NO GOVERNO ROSEANA SARNEY
Em se tratando de segurança pública, não
há sequer termos de comparação entre o governo Flávio Dino e o que aconteceu no
correr do governo Roseana Sarney: Penitenciárias transformadas em simulacros do
inferno, cabeças a prêmio em todos os quadrantes da cidade, decapitações e
esquartejamentos, pistolagem, agiotagem, fugas facilitadas, presidiários
fazendo turismo nos postos de gasolina, gangues em guerras fratricidas em praça
pública, facções torrando gente viva e ordens de morte disparadas via internet
e celular.
Sem contar que decretaram o fim das
promoções no âmbito da segurança pública. Foi assim no governo Roseana e o
Maranhão não esqueceu.
O JORNALISMO E A CANALHICE DESEMBESTADA
O caráter perverso do jornalismo que o
Sistema Mirante pratica hoje começa a desembestar para uma patologia mitômana,
na direção, todavia, de uma licenciosidade ambígua e perigosa. Mais que mentir
furdunçam no trabalho de destruir a informação, pois toda mentira terá virado
verdade e toda verdade virado mentira quando o jornal O Estado do Maranhão
chegar às bancas.
A tendência patológica fora do comum, a
compulsão para mentir e fantasiar podem ser percebidas nessa manchete:
“Centrais aprovam greve geral no Maranhão”. Só pode ser doença, não tem outro
nome. A perversidade destrutiva vem nessa outra: “Menores são vítimas de 700
casos de violência sexual no Maranhão”. E porque a manchete não informa o
período de ocorrência de todos esses estupros, quem lê de longe imagina que
esse Estado é uma terra de tarados psicopatas. Dá vontade de esconder filhos e
filhas, de deixar para sempre o Maranhão.
O gérmen de rancor que ativa esse tipo
de jornalismo tem seus seguidores na internet. Há poucos dias o blog Atual7
falava de “um suposto vídeo em que a pré-candidata Eliziane Gama aparece em
momento de intimidade pessoal”, sugerindo que aliados do prefeito Edivaldo
Holanda seriam os produtores do vídeo. Rompeu-se, aqui, definitivamente, a
fronteira entre o jornalismo e a canalhice desembestada.
MANCHETÁRIO
Waldir Maranhão volta ao anonimato (John
Cutrim)
De onde nunca devera ter saído
Professora corta língua de criança como
castigo em creche (Caio Hostílio)
Quanto mais eu conheço os homens, mais eu respeito
as feras.
Hildo Rocha quer reduzir repasse de
dinheiro público a partidos (Marco Deça)
A partidos; não a deputados.
Trump é confirmado como candidato
republicano nos EUA (O Globo)
E vem aí a Terceira Guerra Mundial.
Governo vai retomar a compra de
tornozeleiras (O Globo)
Para garantir que não falte a José Sarney, Edison
Lobão e ao próprio Michel Temer.
Flávio Dino tem 60 % de aprovação,
revela pesquisa (Jornal Pequeno)
Roseana nunca teve isso. Nem nos cassinos de Las
Vegas, onde passava a maior parte do tempo.
Indústria apresenta proposta para Brasil
retomar crescimento (O Estado do Maranhão)
Ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais
pobres. Resumindo, é isso.
TSE divulga limites de gastos para
campanhas em todo o país (Geral)
Divulgar é fácil; quero
ver é controlar.
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