Editorial
JP, 13 de julho
O Estados Unidos descobriu nos anos 20, quando a cidade de Chicago ainda se assemelhava ao Velho Oeste, os efeitos danosos da sonegação, um crime que entre brasileiros, até hoje, é tratado muito mais como esperteza que como violação da lei. Uma história que ilustra essa afirmação é a de Al Capone, um assassino violento que faturou com o crime uma fortuna que hoje seria avaliada em mais que 1 bilhão de dólares. Não pagava impostos e, para tanto, se utilizava de todo tipo de suborno.
Os
sonegadores de hoje, assim como Al Capone, são discretos e espertos. Dizem que
o bandido americano, em toda a sua vida, endossou um único cheque. Esse cheque
o levou à prisão e acabou condenado por sonegação fiscal. Os cálculos da
sonegação no Brasil são astronômicos e não é diferente no Maranhão. Quanto a
isso, duas notícias chamam a atenção. A primeira é que o Governo do Maranhão, o
Tribunal de Justiça e o Ministério Público firmaram um convênio de capacitação
técnica para atuação conjunta no combate a esse tipo de crime. A outra é a prisão
do dono da “Dimensão Engenharia”, empresa que atua na construção civil, junto
com uma dezena de auditores fiscais, por crimes diversos que também incluem a
sonegação.
Não
é novidade para ninguém que a sonegação é responsável por muitas riquezas nesse
e em outros estados. Como disse o governador são os impostos que viabilizam os
meios materiais para a garantia dos serviços públicos, que vão desde o
fornecimento de sementes e insumos para a agricultura até a construção de
hospitais e abertura de estradas. E, a julgar por dados fornecidos pela própria
Receita Federal, no Brasil o povo pobre paga impostos, o povo rico, assim como
Al Capone, sonega.
Medidas
como essa força-tarefa reforçam o propósito radical de mudança e a opção pelos
mais pobres no governo Flávio Dino. Costumeiramente neste país, toda crise é
uma doença tratada com um único remédio: a exigência de mais sacrifícios ainda
das classes mais empobrecidas. Só para que se tenha uma ideia, a sonegação de
impostos no Brasil atingiu R$ 420 bilhões em 2015, conforme estimativa do
Sindicato dos Procuradores da Fazenda. E ela cresce anualmente. Somente a
dívida das 500 empresas que mais devem a União alcança R$ 392 bilhões. E são 3
milhões e 500 mil devedores. A maior parte dessa dívida se refere a Imposto de
Renda, descontado diretamente do salário dos trabalhadores e contribuições
previdenciárias.
Assim,
a força-tarefa montada aqui no Estado é um exemplo que deveria ser seguido pelo
governo do Brasil. Parabéns ao governo, ao Tribunal de Justiça e ao Ministério
Público do Maranhão. E que durmam em paz os herdeiros de Al Capone.
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