Editorial
JP, 15 de setembro
Invariavelmente,
os estados mais pobres e distantes dos grandes centros urbanos são acusados de
promover guerra fiscal para atrair investimentos e evitar que haja esvaziamento
econômico. Nesta versão, os descontos de ICMS oferecidos por esses estados superariam
os custos de logística de recebimento de matéria prima e entrega de produtos
manufaturados. Também a mão de obra, por falta de diversidade de empregadores,
tenderia a aceitar salários e benefícios menos atraentes que os trabalhadores
dos grandes centros.
O
assunto esteve na pauta de um encontro entre a presidente do Supremo Tribunal
Federal, ministra Carmen Lúcia e governadores de diversos estados, inclusive o
governador Flávio Dino.
Esclarecendo-se
que uma guerra fiscal, num conceito mais simplista, ocorre quando se exacerbam
práticas competitivas entre entes de uma mesma federação, em busca de atrair
investimentos, algumas verdades sobre o assunto precisam ser colocadas. A
primeira delas é que o olho econômico, com todos os interesses imagináveis, do
Governo Federal está concentrado nas grandes metrópoles para onde converge a
maioria absoluta dos créditos especiais, empréstimos subsidiados a longo prazo,
entre outros benefícios e vantagens.
Com
um enorme potencial de atração em indústrias e serviços, devido ao baixo custo
logístico, à mão de obra abundante e à diversidade do mercado consumidor, os
estados exportadores, (grandes centros) acabam transferindo parte do ônus dos
incentivos praticados para os estados importadores. Em outras palavras, essa é
uma guerra que, apesar da acusação, os estados mais pobres não têm como vencer.
Seria
muito importante que o governador Flávio Dino, através de artigo ou outra forma
de pronunciamento, porque participou do debate, mostrasse aos maranhenses suas
impressões sobre a guerra fiscal vigente no Brasil e os prejuízos que ela causa
aos estados mais pobres, como o Maranhão.
Se
a maioria dos impostos pagos por todo povo brasileiro caem nos cofres do
Governo Federal que os distribui em obras e serviços entre todos os entes
federados, precisamos entender porque são tão diminutos os investimentos
públicos nos estados do Norte e Nordeste. E que também o governador nos
informasse sobre as ideias colocadas pelos governadores no encontro com a
ministra Carmen Lúcia, porque é esta uma etapa que também precisa ser vencida
no Brasil.
Fato
é que a guerra fiscal é uma realidade entre estados e municípios e até onde
sabemos ela é ruim para o país, para o contribuinte e, principalmente, para os
estados mais pobres.
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