O
Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor do Maranhão (Procon/MA) ajuizou,
nesta quinta-feira (24), uma Ação Civil Pública na Vara de Interesses Difusos e
Coletivos para impedir o fechamento de 13 agências no Maranhão, após veiculação
de notícias que 402 agências e 31 superintendências teriam suas atividades
encerradas, além de 379 agências serem transformadas em postos de atendimento
em todo o país.
Dentre as
13 agências do Maranhão que sofrerão alterações nos serviços, cinco serão
fechadas, uma em Açailândia (Parque das Nações), uma em Imperatriz (Praça da
Cultura) e três em São Luís (Praça Deodoro, Anjo da Guarda e Hospital Materno
Infantil). Oito agências serão reduzidas a postos de atendimento, nos
municípios de Itinga do Maranhão (Rua da Assembleia), Amarante do Maranhão (Av.
Deputado La Roque), Olho d’Água das Cunhãs (Av. Fernando Ferrari), Lima Campos
(Rua Dr. Joel Barbosa), Matões (Av. Mundico Morais), Parnarama (Av. Caxias) e
São Luís (Av. Santos Dumont – Anil e Av. dos Franceses – Alemanha).
O
documento requer o pleno funcionamento de todas as agências no Estado do
Maranhão, que o Banco preste esclarecimentos referentes à notícia veiculada a
respeito do fato e a exposição, através de um plano de melhorias com metas de
curto, médio e longo prazo, das medidas que seriam tomadas em favor dos
consumidores caso a decisão seja efetivada. O notificado também deverá informar
as providências que estão sendo ou foram tomadas para evitar o impacto negativo
aos consumidores.
A ACP
ainda faz pleito pela elaboração de um relatório sobre os impactos econômicos e
a adequação das mudanças ao plano de negócios e à estratégia operacional da
instituição, conforme art. 16, Resolução nº 4.072, do Banco Central. A
instituição financeira deverá apontar quais os serviços deixarão de ser
prestados nos postos de atendimento e quais continuarão sendo oferecidos, além
de apresentar o quantitativo de funcionários, atendimentos e clientes das
agências que serão reestruturadas no Maranhão. O Banco ainda pode ser condenado
a pagar a quantia de R$ 40.000.000 (quarenta milhões de reais) em danos morais
coletivos.
Diante
desse anúncio de suspensões do serviço, o Procon reconhece diversas afrontas
aos direitos dos consumidores maranhenses. O principal deles diz respeito à
alteração unilateral do contrato, ou seja, o descumprimento do serviço
essencial por parte da instituição bancária, sem qualquer consulta aos
correntistas das agências. Dessa maneira, o fornecedor descumpre o artigo 51 do
Código de Defesa do Consumidor, prejudicando os usuários do serviço.
Outro
fator que levou ao ingresso da ACP é o descaso constante da instituição com os
consumidores demonstrado nos relatórios das fiscalizações realizadas pelo
Procon. Somente de abril a junho de 2016, o referido banco lucrou exatamente R$
2,46 bilhões, comprovando que a atual crise por qual passa o país não atingiu
as instituições financeiras. O lucro dos bancos, inclusive, supera o lucro de todos
os outros setores da economia brasileira juntos.
Contudo,
mesmo com sucessivos lucros bilionários a cada trimestre, o serviço bancário
não apresenta melhorias efetivas. Diariamente, os consumidores sofrem em filas
quilométricas, até mesmo fora das agências, comprovando necessidade de expansão
das unidades de atendimento e a contratação de mais bancários.
Atos
contraditórios
Segundo o
presidente do Procon/MA e diretor dos Procons Nordeste, Duarte Júnior, o Banco
do Brasil age de forma contraditória aos grandes lucros. “Chama-se atenção para
o fato de que mesmo com lucros bilionários, o Banco do Brasil prefere fechar
agências do que investir na melhoria e humanização do atendimento. Temos pleno
conhecimento que o princípio da livre iniciativa é essencial para a ordem
econômica, assim como os direitos básicos do consumidor, ambos com previsão
expressa no art. 170 da Constituição Federal/1988. Logo, não admitiremos
sobreposição e retrocessos aos direitos e garantias sociais previstos
constitucionalmente”, afirma.
O
Procon/MA reforça o fato de ter intensificado as fiscalizações no ano de 2016,
realizando, semanalmente, vistorias nos bancos em todo o Maranhão. Por conta de
infrações como demora no atendimento, falta de dinheiro em caixas eletrônicos,
entre outras, o Procon multou somente as agências bancárias que serão fechadas,
em um total de R$ 472 mil, nos anos de 2015 e 2016. Dentro deste valor, R$ 62
mil foram aplicados a agência de Imperatriz, R$ 10 mil à agência de Açailândia,
R$ 390 mil à agência de São Luís na Deodoro, mais de R$ 2 mil à agência do Anjo
da Guarda e R$ 5 mil à agência do Anil.
Diante do
relatório de fiscalização apresentado pelo órgão, é contraditório acreditar que
o consumidor maranhense não será afetado com o fechamento de agências, que são
inclusive utilizadas para recebimento de benefícios sociais. Como justificativa
dessa ação, o Banco do Brasil, informa que a instituição tem objetivo de
economizar e investir em atendimentos virtuais, abrindo 255 agências digitais
em 2017.
Entretanto,
considerando a realidade maranhense, o investimento apenas em canais digitais,
como sugere o banco, não é suficiente para a garantia do atendimento bancário,
que deveria ser utilizado como alternativa e não ferramenta principal. Segundo
dados fornecidos pela Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel, o Maranhão
é o estado da federação com o menor acesso à internet, apenas 9,8% dos
domicílios têm acesso ao serviço.
O
presidente destaca, ainda, que o fechamento das agências bancárias acarreta
mais custos aos consumidores, que terão de arcar com grandes deslocamentos para
utilizar o serviço, assim como a economia local será afetada, principalmente
nos municípios do interior do estado, onde não existe grande quantidade de
agências à disposição e o dinheiro em espécie ainda é mais utilizado que
cartões de débito ou crédito.
Tais
argumentações, aliada ao fato de semanalmente serem aplicadas dezenas de
sanções em bancos pelo Procon Maranhão, leva a conclusão de que fechar agências
e diminuir o corpo de funcionários não é a solução para o problema no estado.
A Ação
Civil Pública movida pelo Procon/MA irá aguardar o deferimento da medida de
urgência pleiteada. Contudo, os consumidores que identificarem qualquer
irregularidade no serviço bancário podem realizar denúncia por meio do
aplicativo disponível para download, pelo site ou em qualquer unidade física
mais próxima.
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