Por Robson Paz
Na era das mídias digitais
as informações se propagam com impressionante velocidade. Nem por isso a
prática jornalística perde importância. Ao contrário. Cada vez mais se exige
celeridade e apuração dos fatos com potencial de noticiabilidade.
Mas, a onda populista e de
intolerância que se espraia pelo planeta nestes tempos traz intrínseca uma
acentuada carga de desvios éticos e jornalísticos. É o que se depreende do
relatório anual divulgado, recentemente, pela organização não governamental
Ruman Rights Watch, que dedica parte do estudo a uma análise sobre os meios de
comunicação. “À imprensa cabe informar com mais responsabilidade do que nunca e
alertar pra onda de notícias falsas, que se espalha pela internet e
surpreendentemente convence”, afirma trecho do documento.
A constatação e
recomendação da Ruman Rights Watch se adequa à realidade de parte dos meios de
comunicação do país e também do Maranhão. Por aqui, há veículos pertencentes a
políticos e novas ferramentas de comunicação, que se notabilizam por criar
notícias falsas. Parte dos blogs, que surgiu como alternativa para democratizar
o acesso à informação contribui para ampliar o fosso entre o jornalismo e a
prática adotada pelas páginas pessoais.
Debater tais práticas é
saudável ao processo democrático. Embora sejam páginas pessoais, os blogs fazem
questão de disseminar a áurea de jornalismo. O discurso em certa medida é
utilizado para dar verniz jornalístico às postagens pessoais e em grande parte
sem a responsabilidade ética e profissional. A maioria não respeita requisitos
mínimos exigidos para a atividade jornalística. Apurar com eficiência, ouvir
todos os lados envolvidos e seguir os preceitos éticos da profissão.
Nos últimos meses, pululam
os maus exemplos. Aquilo que é conhecido no jornalismo como barrigada, isto é,
notícia sem qualquer fundamento, parece ter virado regra em parte dos meios de
comunicação.
Da informação fantasiosa
de aumento do salário do governador Flávio Dino, passando por separação que
nunca existiu entre secretários de Estado; avaliação política jamais feita por
ex-presidente nacional do PCdoB; discussão, que nunca aconteceu entre
governador e secretário, testemunhada por um terceiro que estava em viagem para
fora do Estado; demissão de médicos em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs),
que nunca aconteceram; previsão de que o governo não pagaria o 13º salário.
São fatos que merecem
reflexão e se encaixam com precisão no diagnóstico feito pela ong
internacional. O relatório faz menção também à liberdade de expressão no país e
critica com justiça a violência contra jornalistas e blogueiros.
O documento elogia a
postura do país em liderar a defesa do direito à privacidade na era digital. É
um posicionamento relevante tendo em vista série de abusos nas mais variadas
áreas. Há quem imagine o direito à liberdade de expressão como licença para
caluniar, difamar, constranger, criar estórias, que causam transtornos à vida
pública e/ou privada das pessoas.
“O jornalismo é, antes de
tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do
caráter”, ensina o consagrado jornalista Cláudio Abramo.
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