Ensinar a ler o mundo para poder transformá-lo.
Seguindo o que rege a Pedagogia de Paulo Freire, um dos maiores e mais célebres
educadores do país, o programa ‘Sim, Eu Posso’, começa a escrever belas
histórias a partir das vidas que já transformou. Iniciativa do Governo do
Estado, em parceria com o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra
(MST), a ação alfabetiza jovens, adultos e idosos, desde a escrita do próprio
nome até o conhecimento de sua identidade e cultura. Nesta primeira etapa foram
incluídos oito municípios e alcançadas 7.119 pessoas.
A celebração destas conquistas se materializou com a
formatura dos participantes, em solenidade de encerramento do ‘Seminário
Estadual da Jornada de Alfabetização do Maranhão: ‘Sim, Eu Posso! – Círculo de
Cultura’. O evento foi realizado nesta sexta-feira (17), no Centro de
Convenções da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), no campus do Bacanga. Na
abertura, o governador Flávio Dino enfatizou o forte significado representado
na face de cada um dos que tiveram a chance de sair da escuridão, com o
aprendizado.
“Nossa avaliação é muito positiva com essa primeira
fase, na qual conseguimos um resultado excelente tirando milhares de pessoas da
escuridão e ajudando a transformar a realidade do nosso Estado para que haja
mais justiça social”, disse o governador Flávio Dino, que antecipou que este
ano, as turmas do programa terão o dobro de participantes do ano passado.
“Nossa determinação é vencer o analfabetismo pondo fim a um problema que se
perpetuou por anos de descaso. Acreditamos que nossa população possa aprender,
possa crescer mais. Por isso, o programa vai continuar”, reiterou Flávio Dino.
O secretário de Estado da Educação (Seduc), Felipe
Camarão, destacou o desafio assumido pelo Governo em erradicar o analfabetismo
no estado. “O governador Flávio Dino tem desempenhado um trabalho
importantíssimo para erradicar o analfabetismo de nosso estado, tirando essas
pessoas da escuridão, fazendo com que elas possam ter a luz de saber ler e
escrever, e possibilitando mudanças sociais profundas na vida delas.
Iniciaremos um novo ciclo neste ano, com metas ousadas e focadas em melhorar a
vida das pessoas. Com a ajuda de todos, governo, prefeituras e o MST,
conseguiremos transformar a vida de mais pessoas em nosso estado”, enfatizou o
gestor.
Para o Secretário de Direitos Humanos e Participação
Popular, Francisco Gonçalves, o sucesso da Jornada Alfabetizadora é uma
demonstração clara de que é possível mudar a realidade do Maranhão. “Estamos
vivenciando um projeto de justiça e de reparação de direitos. E isto prova que,
sim, podemos mudar a realidade do Maranhão! O que o governo fez foi um gesto
que é o mais belo gesto da escola: levar a escola para aonde o aluno está. Que
seja embaixo da árvore, que seja na casa de forno, ou no quintal da casa. É
precioso fazer que a educação chegue a todos.
Cada uma dessas pessoas alfabetizadas já sabia os
segredos das plantas, das águas, das matas e das florestas. Com o ‘Sim, eu
posso!’ eles aprenderam o código das letras, aprenderam a escrever o nome,
tiveram garantido o acesso a um direito básico que lhes havia sido negado,”
destacou.
Representando os milhares de alunos do programa, um
participante de cada município incluído pôde ter em mãos a consagração do tempo
dedicado ao estudo. Mais que a comprovação do conhecimento, o certificado
solidifica a conclusão de uma etapa da vida educacional que pode ser ampliada
mais à frente. Para estes jovens, adultos e idosos, o momento foi de emoção,
gratidão e alegria pelo novo olhar que passam a ter do mundo, graças ao
programa ‘Sim, Eu Posso’.
A emoção estava estampada no rosto da dona de casa,
Maria de Melo, do município de São Raimundo Doca Bezerra. “Onde eu vivia a
chance de estudar era pouca e só agora, com esta oportunidade do programa eu
botei na cabeça que agora eu ia aprender a ler e escrever e fui”, disse ela,
que cheia de alegria contou que já consegue escrever cartas para familiares e
amigos. “Antes eu não sabia nada. O programa me ajudou”, ressalta.
Maria Auxiliadora, de Santana do Maranhão, precisou
esperar todos os filhos crescerem e lidar ainda com a perda de uma filha. Um
momento triste, mas que não desestimulou a aprender. “Eu comecei achando muito
difícil e que eu não ia conseguir. Não foi fácil para mim, mas eu queria tanto
aprender a escrever, a vontade foi maior que o sofrimento e hoje estou aqui”,
disse a dona de casa.
“Sem saber ler a gente não é nada. Por isso eu achei
o programa importante e participei. Já consigo ler placas na rua, ler um monte
de coisas e melhorou muito para mim”, disse Manoel dos Santos, de Santana do
Maranhão, um dos alunos. Helieldo Silva teve a oportunidade de atuar no
programa ensinando a mãe e o pai, emoção que ele não consegue descrever.
“Sinto-me recompensado. Foi um momento muito especial porque eu pude ensinar
meus pais e via o compromisso e a dedicação deles. Essa é uma ação muito bonita
e gratifica quem está integrado”, relatou.
O programa só tem a crescer no Maranhão, diminuindo
o índice de analfabetismo e quem ganha é a população das cidades, enfatizou Raquel
de Souza, educadora do município de São Raimundo Doca Bezerra. Esperanças de
melhorar os índices de alfabetização também para a brigadista do MST, Juliana
Adriano. “A pessoa poderia colocar o nome no papel e decorar o que é repassado,
mas o interesse nosso é que ela aprenda e entenda para poder escrever sua
própria história, como muitos aqui já conseguem fazer. Isso nos fortalece e
recompensa”, enfatizou.
O ‘Sim, Eu Posso’ une a pedagogia de Paulo Freire
com a metodologia modelo do Instituto Pedagógico Latino-Americano e Caribenho
de Cuba (Iplac), alfabetizando no tempo recorde de oito meses. A alfabetização
se soma ao repasse de conhecimento sobre cultura geral e aspectos que vão
auxiliar os estudantes a aprender, por exemplo, questões relativas ao cotidiano,
proteção do meio ambiente, a história e identidade regional e nacional.
Integraram esta fase do programa alunos dos
municípios Aldeias Altas, Água Doce do Maranhão, Governador Newton Bello,
Jenipapo dos Vieiras, Itaipava do Grajau, Santana do Maranhão, São João do Carú
e São Raimundo do Doca Bezerra. O ‘Sim, Eu Posso’ terá continuidade em 2017,
sendo promovido em mais sete cidades, dos incluídos na lista das 30 de menor
Índice de Desenvolvimento Humano.
Plano de meta
O seminário é parte integrante da mobilização pela
alfabetização, que integra o Plano de Ações ‘Mais IDH’, instituído pelo
governador Flávio Dino, cuja meta é reduzir os índices de analfabetismo no
estado. O evento foi promovido pelas secretarias de Estado da Educação (Seduc)
e da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), em
parceria com o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST).
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