JM Cunha Santos
Prazer demais acaba em dor
Não devo esquecer o sofrimento desses
dias
Do silêncio dentro dos fantasmas
Das viagens sem volta
Da luxuria esgotando até a alma dos
pelos
Dos ninguéns que me insultam no meu
leito de morte
Enquanto os carros buzinam longe em
comemoração
Prazer demais acaba em dor
Não devo esquecer as horas detidas pela
noite interminável
Do meu espírito engolido por danações na
minha cama
Dos cães com sangue na boca pulando
entre as paredes
Enquanto poderosos tiranos pisavam
dentro de mim
Prazer demais acaba em dor
E não tem direito de gritar quem feriu a
si mesmo
Quem escolheu-se tartufo, bufão e deu
descarga na vida
Enquanto lá fora a turbamulta lhe tomava
todas as orações
Prazer demais acaba em dor
Não devo esquecer a agonia dessas horas
pânicas
O falecimento dentro de ventre materno
A carne desumana desamparada
O assalto ao trem pagador de pecados
A insistência que vive
Para que riam como hienas os donos da
minha solidão
Prazer demais acaba em dor
Prazer demais acaba em dor
Até que seja a dor o meu único prazer
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