A Eucaristia é o
momento em que estamos ao mesmo tempo ligados a Deus pelo elo da oração e aos
nossos irmãos, pelos laços de devoção à mesma fé. É um momento em que dividimos
nossas mais profundas aflições e maiores agradecimentos à força divina que nos
move num mundo cujo cotidiano, muitas vezes, pode ser de aridez e confusão.
É sobre essa força que nos muda por dentro e nos faz mudar o mundo que a
celebração do Corpo de Cristo nos convida a refletir.
Quando, no domingo de
Pentecostes, os apóstolos perceberam a presença do Espírito Santo que chegou
através de uma rajada de vento, eles entendem dali por diante que uma profunda
mudança acabava de acontecer-lhes. Os dias de luto e confusão pela ausência
física de Jesus convertem-se em força para professar a fé na ressurreição e
todos os preceitos de misericórdia e amor. Era tempo de renovar a fé, 50 dias
após o Domingo de Páscoa, e reforçar os laços com o Salvador.
Dias depois,
celebramos o Corpus Christi, que foi relembrado na última quinta-feira (31 de maio).
O Corpo de Cristo, que simbolicamente recebemos por meio da hóstia, é esse
caminho que nos aproxima de Deus a cada vez que participamos conjuntamente
deste belo ritual. É o corpo do filho de Deus, oferecido a todos, a nos
aproximar de nossos irmãos, sem fazer distinção, pois a sabedoria bíblica nos
ensina, a todo momento, que somos iguais.
É esse o mais
profundo sentido que encontramos na comunhão, que nos une por meio da fé
cristã. Juntos, dizemos sim à igualdade, a praticar a humildade como espelho de
Cristo, a trabalhar pelo bem comum e partilhar o amor com o próximo. Longe de
ser apenas uma memória sobre um momento bíblico, esse dia nos convida a fazer
mais por nossa comunidade em nossa passagem por este mundo.
Acreditar na comunhão
total, simbolizada pelo Corpo de Cristo que compartilhamos, é compreender que
nossa existência neste mundo não é sem propósito. O que significaria, afinal,
estarmos no mundo senão para agir como vetor dessa mudança professada por nossa
fé? Sabiamente, o Papa Francisco tem-nos ensinado com frases e gestos o que
significa ser cristão, vivendo em um mundo que não para de mudar. Em uma de
suas homilias, ele reafirma o vínculo que significa o Corpo de Cristo: “A
Eucaristia não é recompensa apenas para os bons, mas força para os frágeis.”
Viver em nome desses
preceitos é, portanto, saber agir com sensibilidade às dores do próximo,
indignação diante das injustiças, insubmissão à ganância e aos poderosos. Estar
pronto para, em ato, professar ideias transformadoras trazidas por Cristo e que
continuam atuais: praticar a igualdade, a justiça e a fraternidade social.
Foram essas as
reflexões que fiz enquanto participei da Missa de Corpus Christi, celebrada por
Dom Belisário, em São Luís. Este foi o quarto dia de Corpus Christi nesse
período em que governo nosso Estado. E em todos os anos estive nas missas
solenes relativas a esta data, participando tanto em São Luís como em
Imperatriz com dezenas de milhares de pessoas. Têm sido celebrações de comunhão
que renovam as minhas forças. E a minha fé.
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