A ativista Sabrina Bittencourt, que
coletou denúncias contra o médium João de Deus e criou o movimento Combate ao
Abuso no Meio Espiritual (Coame), morreu por volta das 21 horas deste sábado,
2, em Barcelona, na Espanha. Ativistas dizem que causa da morte foi suicídio.
A morte foi confirmada pelo filho
Gabriel Baum e por Maria do Carmo Santos, presidente do grupo Vítimas Unidas,
criado por mulheres abusadas pelo ex-médico Roger Abdelmassih, com quem Sabrina
lutava para coletar provas e reunir vítimas para denunciar crimes sexuais.
No início da tarde deste sábado, o
Estado falou por WhatsApp com a ativista, que disse, enquanto dava detalhes
sobre as denúncias em curso: “Estou tratando um linfoma e não vejo meus filhos
para poder ajudar todo mundo”. Na conversa, ela disse ainda que estaria sendo
perseguida.
Em nota, assinada pela presidente
Maria do Carmo, o grupo Vítimas Unidas disse: “A ativista cometeu suicídio e
deixou uma carta de despedida relatando os porquês de tirar sua própria vida.
Pedimos a todos que não tentem entrar em contato com nenhum integrante da
família, preservando-os de perguntas que sejam dolorosas neste momento tão
difícil. Dois dos três filhos de Sabrina ainda não sabem do ocorrido e o pai,
Rafael Velasco, está tentando protegê-los. Ainda não temos informações sobre o
local do velório, nem mesmo onde ela será enterrada”.
“A luta de Sabrina jamais será
esquecida e continuaremos, com a mesma garra, defendendo as minorias,
principalmente as mulheres que são vítimas diárias do machismo”, informou o
movimento.
O filho Gabriel Baum confirmou a
morte da mãe em uma rede social. “Ela não queria ser morta pelas quadrilhas nem
pelo câncer. Minha mãe lutou até o final. Ela não desistiu. Ela só se libertou
do inferno que estava vivendo”, disse.
Denúncias
Sabrina esteve envolvida na coleta de
denúncias de vítimas de João Teixeira de Faria, acusado de abusos sexuais e
preso desde de dezembro. Na manhã deste sábado, Sabrina chegou a se manifestar
sobre a prisão do filho do médium, Sandro Teixeira de Faria. A Justiça recebeu
denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO) contra ele por coação no curso
do processo e corrupção ativa e determinou sua prisão.
“Confirmo que Sandro Teixeira tem
ameaçado nossas testemunhas, coagido, entrado na casa das pessoas, proíbe que
falem comigo, Maria do Carmos Santos e Vana Lopes, do Grupo Vítimas Unidas.
Estamos protegendo várias destas vítimas e testemunhas”, disse ela.
Durante a repercussão do caso João de
Deus, Sabrina disse ter recebido ao menos 185 denúncias contra 13 líderes espirituais
brasileiros desde setembro. Sabrina começou a reunir os relatos após mulheres
relatarem supostos abusos cometidos pelo guru Sri Prem Baba.
Em contato com supostas vítimas do
guru, Sabrina teria percebido que as mulheres estariam sofrendo ameaças, o que
a motivou a criar um movimento organizado de denúncias. Em um mês, foram 103
relatos.
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