Ex-presidente deve
prestar depoimento à PF nesta sexta-feira (22). A defesa dele entrou com pedido
de habeas corpus no TRF-2, que pode ser julgado também nesta sexta.
Por G1 Rio
O ex-presidente Michel Temer deve depor à Polícia Federal
nesta sexta-feira (22). Alvo da Lava Jato do Rio, Temer e Moreira Franco,
ex-governador do Rio de Janeiro e ex-ministro, passaram a primeira noite na
prisão.
A defesa de Temer recorreu ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2),
que pode julgar também nesta sexta o pedido de habeas corpus.
Resumo
Michel Temer e mais 9 pessoas foram presas
na Operação Descontaminação
O ex-presidente é acusado de liderar
uma organização criminosa que teria negociado R$ 1,8 bilhão
em propina
A operação teve como base a delação
do dono da Engevix e investigações sobre
obras da usina nuclear de Angra 3
A defesa diz que nada foi provado contra
Temer e que a prisão constitui um "atentado ao Estado democrático de
Direito"
Os advogados de Temer entraram com
pedido de habeas corpus, que pode ser julgado
nesta sexta
Noite na prisão
O ex-presidente está preso na
Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, em uma sala da
corregedoria, no terceiro andar do prédio. É uma das poucas salas no edifício
com banheiro privativo. O local tem frigobar, ar-condicionado e cerca de 20 m².
Será instalada uma TV na sala.
Temer estava em São Paulo quando foi
preso pelos agentes. Logo depois, ele foi transferido para o Rio.
Já Moreira Franco foi preso nas
proximidades do Aeroporto Tom Jobim e ficará detido na mesma unidade em que está o ex-governador Luiz Fernando Pezão,
a Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói.
Inicialmente, Bretas também decidiu
que Temer ficasse na unidade em que está Moreira Franco. Mas, após pedido da
defesa e aval da PF, o juiz mandou que Temer ficasse na Superintendência da Polícia
Federal do Rio. Bretas usou como argumento que Temer deve
ter os mesmos direitos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso na
Superintendência da PF de Curitiba.
Na noite de quinta, Temer recebeu a
visita do aliado Carlos Marun, ex-ministro da Secretaria de Governo. Ele
conseguiu entrar mesmo sem ser um dos advogados de Temer. "O presidente
encontra-se, obviamente, surpreso, indignado. É um homem que tem conhecimento
jurídico, conhece o direito e sabe da absoluta improcedência, irrazoabilidade e
ilegalidade da decisão judicial que determinou a prisão preventiva." O
ex-ministro disse que Temer está sendo tratado com dignidade e respeito.
No total, foram cumpridos 10 mandados
de prisão, entre eles contra João Batista Lima Filho (coronel Lima), amigo
pessoal de Temer e dono da empresa Argeplan. Coronel Lima também ficará na
Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói.
Os outros presos na Operação
Descontaminação serão levados para o complexo penitenciário de Gericinó, na
Zona Oeste do Rio.
Presos na Operação
Descontaminação
Michel Miguel Elias
Temer Lulia, ex-presidente
João Batista Lima
Filho (coronel Lima), amigo de Temer e dono da Argeplan
Wellington Moreira
Franco, ex-ministro do governo Temer
Maria Rita Fratezi,
arquiteta e mulher do coronel Lima
Carlos Alberto
Costa, sócio do coronel Lima na Argeplan
Carlos Alberto
Costa Filho, diretor da Argeplan e filho de Carlos Alberto Costa
Vanderlei de
Natale, sócio da Construbase
Carlos Alberto
Montenegro Gallo, administrador da empresa CG IMPEX
Rodrigo Castro
Alves Neves, responsável pela Alumi Publicidades
Carlos Jorge Zimmermann, representante da empresa finlandesa-sueca AF
Consult
Organização
criminosa
De acordo com a investigação, Temer é
suspeito de liderar uma organização criminosa para desvios de dinheiro público que atua há
40 anos no Rio. O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de
Janeiro afirma que a soma dos valores de propinas recebidas ou prometidas ao
suposto grupo chefiado pelo ex-presidente Michel Temer ultrapassa R$ 1,8 bilhão.
Além disso, os procuradores da
República sustentam que os investigados monitoravam agentes da Polícia Federal.
De acordo com a PF, a investigação
decorreu de elementos colhidos nas operações Radioatividade, Pripyat e
Irmandade, embasadas em colaboração premiada firmada polícia. Os mandados foram
expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, resultado da investigação sobre obras da usina nuclear de Angra 3,
administrada pela estatal Eletronuclear.
A procuradora da República Fabiana
Schneider, que também integra a força-tarefa da Lava Jato no Rio, detalhou
alguns dos crimes detectados na investigação.
"O que foi verificado é que o
coronel Lima, desde a década de 1980, já atua na Argeplan. É possível ver o
crescimento da empresa a partir da atuação de Michel Temer. (...) Existe uma
planilha que demonstra que promessas de pagamentos foram feitas ao longo de 20
anos para a sigla MT - ou seja, Michel Temer", justificou a procuradora.
Também segundo Schneider, foi
verificado por meio de escutas telefônicas que coronel Lima, amigo de Temer,
"era a pessoa que intermediava as entregas de dinheiro a Michel
Temer". "Não há dúvidas quanto a isso", disse a procuradora.
Investigações da PF e do MPF também demonstram
que há fortes indícios de que a reforma no apartamento de Maristela Temer, filha do ex-presidente
Michel Temer, foi feita com dinheiro de propina.
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