(Não
compre armas; atire em quem atirar, estarás matando Deus)
I
“Vede, pois, são minhas
entranhas embebidas em sangue e vinho para o alimento dos que escarnecem dos
meus sonhos de Amor e Paz”.
JM
Cunha Santos
Não
compre armas;
o
horror não tem secções
toda
arma, se não trava,
diminui
os corações
Não
compre armas
sob
a luz do sol brilhando
a
cada luz de uma arma
há
outra luz se apagando
Não
compre armas;
a
luz da morte é pesada
pesa
tanto quanto a cruz
que
ainda nem foi carregada
Não
compre armas
ou
vais comer pensamentos
andar
sem haver estradas
voar
onde não há ventos
Não
compre armas
serás
virado ao reverso
quem
mata não mata apenas
tira
postas do Universo
Não
compre armas;
balas
não fazem cidades
Às
balas dos teus fuzis
os
fuzis da eternidade
Não
compre armas
Todo
sangue se deduz
e
atire em quem atirar
também
vais ferir Jesus
II
“Há
muitas moradas na casa de meu pai; há humanidades demais para o teu desejo de
matar”.
Não
compre armas;
o
Amor também tem gatilhos
e
atire em quem atirar
também
sangrarás teus filhos
Não
compre armas;
Todo
fuzil será sal
e
só matarás o corpo
de
uma alma imortal
Não
compre armas;
o
Amor dispara flores
e
não serás atingido
nos
mundos inferiores
Não
compre armas;
elas
disparam tormentos
não
deixe de plantar rosas
para
plantar sofrimentos
Não
compre armas;
Delfos
grita em solidão
-
A maior arma de fogo
está
no teu coração
Não
compre armas;
as
balas não fazem céus
Não
compre armas;
atire
em quem atirar
estarás matando Deus!
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