terça-feira, 22 de outubro de 2019

A República suja de Jair Bolsonaro e sua linguagem de bordel de quinta classe

Suja das cinzas dos incêndios na Amazônia, suja do óleo bruto espraiado no Nordeste, suja das línguas viperinas do Congresso e do Palácio do Planalto, suja de censura e intervenções, suja, suja, suja...

JM Cunha Santos


Quando imputou a organizações não governamentais a responsabilidade pelo incêndio generalizado na Amazônia, inocentando, antes de qualquer investigação, os madeireiros criminosos que destroem a floresta, não estaria o Senhor presidente da República protegendo correligionários e financiadores de sua campanha?
Quando acusaram a Venezuela de ser responsável pelo ainda inexplicável derramamento de milhares de toneladas de óleo nas praias do Nordeste, não estaria o governo protegendo os que sabe serem os verdadeiros culpados? Como é possível que até o momento o governo, no envolvimento de todos os organismos dedicados à investigação, ainda não tenha ideia de onde veio esse mar de petróleo que invadiu o mar nordestino?
Pois desconfio que os dedos da chamada “Nova Direita”, estejam todos enfiados nesses sinistros, tragédias ambientais sem referência na História, com o objetivo de encontrar desculpas para o fechamento do regime, a tão sonhada ditadura que não sai de suas cabeças.
Bastam poucos episódios para se ter ideia do tipo de gente que está governando o Brasil. Na disputa desidratada pelo comando do PSL, o filho do presidente compara a ex-líder do governo, Joice Hasselman, a uma porca gorda; ela, por sua vez, compara o filho do presidente a um veado e diz que quem nasceu para Lassie nunca chegará a Pit Bull. Um mar de baixarias que ofusca até mesmo o mar de petróleo que suja as praias nordestinas.
O próprio Bolsonaro, no calor da campanha, disse que a deputada Maria do Rosário não servia nem para ser estuprada porque é muito feia. E chamou uma jornalista de vagabunda sucessivas vezes, para espanto do público, no saguão de um aeroporto internacional.
São coisas inimagináveis até para republiquetas tribais onde o poder é conquistado a fios de navalhas e facões.
Mas é essa hoje a linguagem da República, o comportamento das pessoas escolhidas para gerenciar a economia, a política e o desenvolvimento do Brasil. E nem vou lembrar aqui o ultradireitista Olavo de Carvalho, guru da família Bolsonaro, tratando os militares brasileiros de cagões e outros que, ultimamente, desandaram a invocar a volta do AI-5, documento-terror da ditadura militar.
Para coroar toda essa sujeira, a censura está de volta. Fica na dependência de alinhamento com o governo, o apoio de órgãos públicos como a CEF, Petrobrás e Banco do Brasil, a produções culturais. Depende do posicionamento político e do comportamento dos produtores de cultura nas redes sociais.
Por outro lado, o governo editou a Medida Provisória 802 que dispensa prefeituras, governos estaduais e o governo federal de publicar atos administrativos em jornais impressos. É pedir a falência de toda a imprensa alternativa, de todos os pequenos jornais que circulam em cidades do interior. E quanto às empresas privadas estão sendo “convocadas” a não anunciar nos principais jornais do país.
Truculência, obscurantismo, perseguição à imprensa e a cultura, linguagem de bordel de quinta categoria nos corredores do Congresso e do Palácio do Planalto... E eis aí a República suja de Jair Bolsonaro que humilha e envergonha o Brasil.

2 comentários:

  1. meu caro Cunha, que texto triste e aparentemente verdadeiro, é só conferir o que dizes aqui com o que está acontecendo, mas melhor que isso (no pior sentido rsss) é o título, perfeito para esta situação de vergonha alheia que vivemos a cada pronunciamento do presidente.
    ps. Carinho respeito e abraço.

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    1. Obrigado, Jair. É verdadeiramente lamentável a desmoralização crônica do Brasil pelo comportamento vergonhoso das pessoas que estão no topo da República.

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