Relatos de milagres e
graças alcançadas se multiplicaram, tanto no Brasil quanto no exterior,
superando a marca dos 14 mil catalogados
Por Bruna Caetano
Nascida em 1914, na capital baiana, desde a
adolescência Dulce já manifestava o desejo de seguir a vida religiosa. Ela
lotava a casa dos pais de pessoas doentes e transformou o local em um
centro informal de atendimento, em 1927. A casa ficou conhecida como “a
portaria de São Francisco”.
Aos 23 anos, ela fez sua profissão de fé e votos
perpétuos, tornando-se freira após seis meses na Congregação das Irmãs
Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em Sergipe.
A preocupação de Dulce com os menos favorecidos
permeou toda sua vida e se manifestou inclusive na escolha do
seu time de futebol. A religiosa torcia desde pequena para o Esporte
Clube Ypiranga, uma tradicional equipe baiana, formada por excluídos
sociais e pela classe trabalhadora.
Foi nas palafitas do conjunto de favelas
conhecido como Alagados que o trabalho social da religiosa passou a ser
conhecido (Foto: Acervo Memorial Irmã Dulce)
Já como freira, seu primeiro trabalho foi em um
colégio, na Cidade Baixa, em Salvador (BA). A Irmã começou a atender
a comunidade pobre dos Alagados, formada majoritariamente por operários. A
atuação no local resultou, em 1936, na criação de um posto médico e da primeira
organização operária católica do estado, a União Operária São Francisco.
A União, posteriormente, tornou-se o Círculo
Operário da Bahia, que visava a promoção cultural e social dos trabalhadores, e
era sustentado pela renda gerada por três cinemas construídos por meio de
doações. Em relação permanente com a classe operária, ela ajudou a fundar o
Colégio Santo Antônio, pensado para educar os filhos das trabalhadoras e
trabalhadores.
O trabalho de Dulce ao lado dos enfermos começou aos
13 anos, quando transformou a casa de seus pais num local de atendimento (Foto:
Acervo Memorial Irmã Dulce)
O maior destaque de sua trajetória enquanto militante
religiosa e social foi sua atuação ao lado dos enfermos, que rendeu a Dulce a
alcunha de “Anjo bom da Bahia”. Exemplo disso está na história do maior
hospital da Bahia, o Santo Antônio. A instituição surgiu por iniciativa da
Irmã, que ofereceu tratamento a 70 doentes resgatados das ruas de Salvador
em um abrigo improvisado no galinheiro do Convento Santo Antônio.
O local realiza atualmente 16,5 mil internações e
10 mil cirurgias anuais. No total, são 3,5 milhões de procedimentos
ambulatoriais por ano por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
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