JM
Cunha Santos
Não
é preciso ler esse artigo. Aliás, nem é aconselhável ler para quem ainda não
tomou hoje o remédio de pressão alta ou nunca fez uma angioplastia. Esse
artefato abandonado por Paulo Guedes e Jair Bolsonaro ao Senado, está mais para
carta-bomba que para pacote econômico.
São
três Propostas de Emendas Constitucionais que incluem na Constituição Federal
medidas quanto ao Pacto Federativo, Emergência Fiscal e Fundos Públicos.
O
artigo não é para ser lido. Eu só estou aqui passeando nas medidas propostas e
esbarrando no entusiasmo dos economistas bem pagos da nossa Wall Street
refusada. Eles afirmam que esta é a maior reestruturação do Estado brasileiro
em décadas e que a grande verdade é que nunca nenhum governo teve a coragem de
realizar as reformas de que o Brasil precisa.
Só
sei que o povo nada ganha quando a queda dos juros derruba o custo da dívida.
Pelo menos não sente isso na porta de saída da feira. Percebo, entretanto, que
as tais medidas embrulham em zero a saúde financeira já precária do baixo funcionalismo
público. É o pacotão dos bem-sucedidos. Em uma palavra: Depois de mais esse
pacote, (os outros foram a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência) os ricos
nunca mais ficarão pobres no Brasil. E os pobres nunca mais poderão sonhar com
riquezas.
A
cada medida proposta sinto o peso de um flagelo funcional: autoriza a redução
de 25 % da jornada de trabalho, com redução dos vencimentos. E quem faz essa
avaliação é unicamente o chefe de cada poder.
Quer
mais? Proíbe a União de socorrer os estados em crise fiscal e quem avalia a
crise é o Conselho Fiscal da República.
Ainda
tá doendo pouco? Proíbe dar reajustes, criar cargos, reestruturar carreiras,
fazer concursos e criar verbas indenizatórias. Decreta, ainda, o fim de todo
tipo de promoção no serviço público e acaba também com a estabilidade no
emprego.
Em
suma: depois de fulminarem o trabalhador formal com a Reforma da Previdência e
a Reforma Trabalhista, partiram para degolar o funcionalismo público da União,
Estados e Municípios.
Diante
desse novo pacote, manifestou-se assim o governador do Maranhão, Flávio Dino:
“Estado
mínimo” significa maior concentração de riqueza e renda nas mãos de poucos.
Políticas públicas são essenciais para os mais pobres e para a classe média. É
um erro estrutural governar para o 1 % mais rico da sociedade”. E acrescentou:
“Assim
é impossível haver consumo e poupança privada. E, por conseguinte, impossível
haver investimentos privados para impulsionar desenvolvimento”.
Com
essas três PECs, Paulo Guedes e Bolsonaro esperam economizar 50 bilhões de
reais em 10 anos. Dinheiro direto da tranquilidade do funcionário público para
a carteira insaciável do Governo Federal.
Não estão passando bem? Leram o artigo porque
quiseram. Eu avisei.
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