JM
Cunha Santos
As
instituições públicas estão acuadas. É provável que seus membros sequer durmam
direito no temor de que a qualquer momento tropas militares ou mesmo
paramilitares rebentem as portas, apontem armas de fogo e seccionem de uma vez
por todas a democracia. Porque o senhor presidente Jair Bolsonaro garante que
tem o apoio das Forças Armadas.
Ameaças
institucionais não faltam. Veem do presidente, veem dos ministros, veem dos
grupos paramilitares que todos os dias se reúnem na porta do Palácio da
Alvorada.
Ministros
civis como Weintraub e Damares defendem publicamente um regime acima das leis,
com um líder totalitário que tenha o poder de prender ilegalmente ministros do
STF e governadores. O resto dos humanos veem mais fácil.
O
governo isola o país diplomaticamente, no melhor estilo norte-coreano, ora
atacando chefes de estado, ora atacando organismos internacionais e até os
Estados Unidos foge do Brasil como o diabo da cruz. Já estamos fora das
alianças internacionais que buscam uma vacina contra a covid-19, perdemos o
protagonismo junto à OMS na América do Sul, estamos a ponto de perder nosso
principal parceiro comercial, a China. E um número cada vez maior de países
retira seus diplomatas do Brasil. A ditadura, como toda ditadura, se isola do
mundo. A imagem do Brasil desceu a zero na comunidade internacional e o
presidente da República diz que isso acontece porque a imprensa internacional é
de esquerda. Valha-me, Deus!
Enquanto
o Brasil registra três vezes mais mortes diárias por covid-19 que os 27 países
da União Europeia juntos, a política de confronto do Governo Federal em cima do
povo se exacerba, com uma deputada antecipando operações da Polícia Federal
contra governadores e a residência do governador do Rio de Janeiro sendo
vistoriada no dia seguinte pela Polícia Federal por ordem de uma justiça
apavorada.
Pior
é que, com o pais seccionado por uma pandemia violenta, que mata impiedosamente
em cada um dos municípios brasileiros, não há de haver melhor momento para a
implantação de um regime de excepcionalidades, para consagração do
autoritarismo contra um povo indefeso e debilitado pelo tamanho de sua própria
dor.
O
que falta para essa ditadura ser uma ditadura? Talvez o AI-5 defendido pelos
filhos perigosos do presidente da República, que imponha a censura e o controle
dos meios de comunicação, que limite ou revogue, de uma vez por todas, o
direito à ampla defesa, que “prenda e arrebente” como no passado.
Mas
não falta muita coisa. Já temos o medo, já temos as ameaças, já temos a polícia
política.
Talvez nem falte mais nada.
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