JM
Cunha Santos
O
ódio cobra seu preço. Cobra também dos inocentes, cobra também dos que o
lamentam, dos que não o cultuam em nenhuma hipótese. O ódio, hoje, é uma metástase
na carne, na opinião, no comportamento, nas opções políticas de muitos
brasileiros que, atendendo aos rituais espartanos que explodem nas redes
sociais a partir de concepções sediadas na Presidência da República, foram
convencidos de que a bala deve substituir a palavra, de que a Justiça deve ser
substituída pela arma de fogo.
Diogo
Sarney foi vítima desse ódio. Não por questões políticas, mas porque ele (o
ódio) foi inoculado em doses cavalares na alma brasileira. Há mais gente armada
em nossas ruas do que em muitas guerras pelo mundo afora. E sentindo-se autorizadas
pelo poder público.
Já
chamei a atenção das autoridades aqui neste blog, para o número de pessoas
armadas no trânsito de São Luís. E, é certo, da grande maioria das capitais
brasileiras. Mas de que adianta? É a vontade do presidente da República, é a
manifestação mais corrente do poder constituído.
Armar
a população, flexibilizar o porte de armas, dar ao estado poder de vida e morte
sobre o cidadão, através da excludente de ilicitude para policiais que matarem
em serviço. Não são pregações de grupos terroristas, são determinações do
presidente, são orientações do poder público.
Esse
ódio pula e dança nas redes sociais, converte corações, mas também encontra
lugar no trânsito, nos conflitos de vizinhos, no trabalho, nas discussões
domésticas, nas filas, nos balcões, nas manifestações políticas e vai, aos
poucos, se tornado dono e senhor da alma brasileira.
É
terrível ver um jovem como Diogo Sarney ser morto por nada, por conta de uma
batida de trânsito, um conflito que poderia ser resolvido com alguma boa
vontade e alguns trocados. Mas é terrível também ver a polícia matando crianças
nas favelas brasileiras a três por dois, com uma frequência que só se explica
porque também eles, os policiais, se renderam a esse ódio que está infectando a
Nação como um vírus.
Mas
é a Nova Ordem. A Ordem do Ódio, da licença para matar. Todos os brasileiros,
independentes de seu desnível de organização mental, armados até os dentes.
Contra vizinhos, contra irmãos, contra outros brasileiros, contra alguém com
quem apenas se discutiu no trânsito.
Vimos,
na última campanha política, panfletos e santinhos serem substituídos por fuzis
apontados contra inimigos imaginários; vimos que milícias assassinas foram engalanadas
com troféus legislativos e comendas de honra da República; assistimos um
discurso que exaltava a violência como argumento de fé e escambo social vencer
as eleições.
E agora o ódio está aqui. O que vamos fazer com
ele?
Está mais do que na hora de os brasileiros, sensatos acordarem e reagir como pessoas de bem, que são.
ResponderExcluirQuw assim seja, Unjnow.
Excluir