quinta-feira, 10 de setembro de 2020

A cesta básica e a cesta bélica de Jair Bolsonaro – entre a fome e bala, qual será o destino do Brasil?

Não são apenas os preços dos gêneros alimentícios que disparam; um número cada vez maior de armas de fogo também dispara no Brasil.

JM Cunha Santos


Os preços do arroz, do feijão, do pão, do óleo, da carne, de produtos de limpeza e higiene disparam no país. O valor da cesta básica, estacionado em cerca de R$ 540, chega a R$ 748 em alguns estados. O salário mínimo só compra isso mesmo e mal sobra para pagar passagens.

O governo culpa a pandemia, culpa a alta do dólar, culpa o auxílio emergencial, culpa as exportações, acusa os supermercados de praticarem preços abusivos e os donos de supermercados transferem a conta para a cadeia de produção.

Está ruim para o trabalhador brasileiro que vê o poder de compra de seus salários esvair-se diante dos níveis cada vez mais preocupantes da nova inflação.

Mas não são apenas os preços dos principais itens da cesta básica que disparam. Um número cada vez maior de armas de fogo também dispara no Brasil. Efeito da decisão do governo que estabeleceu que cada cidadão brasileiro pode adquirir até 4 armas de fogo para “defesa pessoal” e facilitou o processo de aquisição, registro, posse e porte de armas de fogo, o que agora pode também ser feito eletronicamente.

O resultado é que foram cometidos 11.908 assassinatos nos primeiros três meses de 2020, em plena quarentena, com a maioria das pessoas em casa, quando era de se esperar uma queda considerável no número de homicídios.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Monitor da Violência registraram uma redução de 19 % no número de homicídios no primeiro semestre de 2019. Mas a flexibilização da aquisição, posse e porte de armas de fogo nos trouxe para 2020 com uma alta cruel e inesperada no número de homicídios cometidos, sem que para isso houvesse qualquer outra explicação.

Bolsonaro venceu. A cesta básica e a cesta bélica disputam no país um rosário intermitente de desgraças anunciadas. Enquanto trabalhadores e assalariados lamentam o aumento generalizado nos preços dos gêneros de primeira necessidade, milicianos, narcotraficantes, assassinos de aluguel, nazistas, assaltantes e violentos compulsivos de toda ordem devem estar comemorando a queda nos preços das armas de fogo e da munição. É a lei da oferta e da procura.

O governo não fez nada para resguardar a economia dos efeitos da pandemia, mas está conseguindo colocar um exército cada vez maior de assassinos em potencial nas ruas do país.

Entre a fome e a bala, quem pode prever qual será o destino do Brasil?       

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