Em entrevista nesta
quarta-feira (23) ao programa Ponto a Ponto,
apresentado por Monica Bergamo e Antonio Lavareda na BandNews TV, Dino explicou crer que um eventual golpe
teria apoio de determinados setores das Forças Armadas. Para o governador
maranhense, o presidente da República busca deslegitimar instituições “por
dentro”.
“A história
brasileira, infelizmente, não autoriza um pensamento mais otimista quanto
ao ethos legalista das Forças Armadas. Desde sempre,
no Brasil, houve, infelizmente, essa presença exacerbada do fator militar na
vida institucional civil, a chamada tutela militar”, argumentou.
“(Os militares) podem ser levados a
uma aventura, sim. Não todas as Forças Armadas, todos os militares, mas setores
podem, sim, aderir a este intento inconstitucional, golpista, a outros setores
sociais que hoje são muito atraídos por essa visão belicista, militarista, que
o Bolsonaro representa. Vejo um golpismo processual, que busca a deslegitimação
das instituições por dentro, que pode – dependendo a conjuntura – levar até a
uma tentativa aberta de golpe.”
Até aqui, segundo Dino, Bolsonaro
protagonizou “um catálogo inesgotável” de crimes à frente da Presidência da
República – em especial, ao acusar sem provas fraudes nas eleições de 2018.
Segundo o governador, a lista de Bolsonaro inclui crimes de responsabilidade e
improbidade administrativa.
O discurso faria parte, ainda de
acordo com o governador, de uma tentativa de desorganizar o processo eleitoral.
E, em última instância, tentar o já citado golpe de Estado.
“O Bolsonaro não pode ter uma disputa
eleitoral em condições normais. Ele sabe disso (…). Qual é o objetivo disso?
Ele não tem prova alguma (de fraudes eleitorais). O objetivo dele é apenas
tumultuar para tentar vencer as eleições no grito, na marra, na violência. Ou,
se perder, o que eu considero a hipótese mais provável, ter uma narrativa ou
mesmo fazer uma virada de mesa”, afirmou.
“Ele vai ter um encontro marcado com
vários tribunais ao longo dos próximos anos. Pela pandemia, por essas
acusações, e pelo golpe de Estado que ele vai tentar fazer. Não vai conseguir,
mas vai tentar”, acredita.
Lula, ‘uma solução’
contra Bolsonaro
Diante de pesquisas que apontam para
uma disputa entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na
eleição presidencial de 2022, Flávio Dino acredita na possibilidade de que
partidos de esquerda se unam em busca de alianças. No entanto, para o
maranhense, a prioridade é negociar com a sociedade.
“Mais importante que a legenda A, B
ou C é você dialogar com o centro na sociedade. As pessoas que não têm uma
posição pré-determinada, de alinhamento ideológico. Isso corresponde ao
pensamento médio, sem dúvida, da maioria da população. Mesmo que haja, de um
ponto de vista partidário, uma frente eventualmente mais estreita, é preciso
ter amplitude programática – ou seja, falar para além dos muros da esquerda,
com programa de governo atualizado, moderno, que dê conta inclusive de questões
novas”, argumentou.
Para Dino, existe apenas “uma remota
chance” de que Lula fique fora da disputa presidencial em 2022 para apoiar outros
nomes da esquerda. Este cenário com o petista na corrida seria, inclusive, “uma
solução” contra Bolsonaro.
“Não me parece ser a hipótese mais
provável não termos o ex-presidente Lula nas urnas em 2022. Creio que, por sua
autoridade, sua trajetória, sua liderança, o mais provável é que ele esteja
entre os candidatos. E não vejo nisso um problema”, disse, indo além.
“Acho que, inclusive, nesse momento,
é uma solução. Ele pode ser um indutor desta frente política ampla capaz de
derrotar o Bolsonaro e impedir um golpe de Estado. Porque, se o Bolsonaro puder
dar um golpe de Estado, ele dará, sem dúvida alguma.”
CPI da Pandemia
Flavio Dino avaliou a atuação da CPI
da Pandemia e projetou avanços contra o que descreveu como uma “máfia da
cloroquina”.
“Havia interesses poderosos,
inclusive de ordem financeira. Houve gente que ganhou dinheiro. Esta máfia da
cloroquina ainda vai ser integralmente revelada. E outras máfias que atuaram
nesta crise. Em várias instâncias de poder, inclusive na esfera federal”,
analisou.
Diante do cenário atual da pandemia
do novo coronavírus no Brasil, Dino previu meses difíceis pela frente.
“O Brasil ainda vai sofrer três ou
quatro meses difíceis, em termos nacionais. A realidade epidemiológica no
Maranhão é pouco diferente – nós temos a menor taxa de mortalidade por 100 mil
habitantes. Já estamos, na minha ótica, ultrapassando a chamada terceira onda”,
disse.
“Mas, em termos nacionais, creio que
ainda teremos meses bem difíceis pela frente, com um declínio mais adiante”,
completou.
(UOL/BandNews TV)
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