JM Cunha Santos

A JUVENTUDE TEM QUE SE RESPEITAR COMO JUVENTUDE
JM Cunha Santos

De tudo o que se disse, escreveu e falou sobre o episódio do ataque ao Sindicato dos Bancários por estudantes que teriam sido comprados por Roberto Costa, o secretário de Juventude da doutora Roseana, talvez não tenha sobrado um único espaço para dizer da juventude estudantil que já habitou o Maranhão.

Depois de mais este escabroso episódio envolvendo a União Maranhense dos Estudantes Secundaristas, eu imagino um Maranhão de janelas fechadas, pessoas de sobrancelhas caídas sobre os ombros, arrastando chinelos e a vida de tanta vergonha. Porque a ideologia corrupta chegou ao único lugar onde não se esperava e jamais poderia: os corações jovens que, é preciso dizer, mesmo constrangido, ensinaram ao mundo a liberdade.

Quem viveu aquele tempo dos estudantes vigiados por pessoas estranhas às suas comunidades, expulsos dos colégios e universidades em virtude de suas opções políticas e sociais, do acesso negado ao futuro, do estrangulamento dos partidos políticos, mal pode entender o que acontece aqui. Quando o Brasil inteiro, a juventude do Brasil inteiro sai em protesto pelos escândalos financeiros envolvendo a família Sarney, a União Maranhense de Estudantes, exatamente a maranhense, tem seu nome propagado em novas notícias de corrupção, desta vez na opção da violência e confronto com a liberdade. A juventude paga para apanhar em defesa de Sarney. Ninguém jamais imaginou que veria isso no Maranhão.

Mal dá para crer que são eles mesmos, os filhos e netos da geração que sofreu toda sorte de restrições sócio-econômicas e até culturais, que foi presa, torturada e humilhada; são seus filhos a referendar táticas de perseguição política e atentados à liberdade de expressão.

São eles, agindo com violência contra a liberdade e a democracia, o direito de reunir; agindo na defesa de um governo eleito com os votos da deturpação das leis civis, bastardos do empreguismo e de um monopólio de comunicação tão violento que beira ao furor da propaganda nazista.

Sempre foi a juventude, a rebeldia da juventude, a mãe de todas as revoluções, de todos os avanços democráticos, de todas as lutas pela liberdade. Por isso é lamentável, irremediavelmente lamentável, assistir o vírus do sarneisismo inocular-se de tal forma em líderes estudantis forjados nas fornalhas da corrupção, a ponto de sepultar a iniciativa libertária da juventude. Conseguiram o que parecia impossível, finalmente, mercenarizar a UMES, uma entidade maranhense histórica que em determinado momento ganhou consciência política, deixou de brigar por banheiros mais limpos e caixas de giz para dizer não aos podres poderes de que falava o poeta Caetano Veloso, para se ferir na luta da meia passagem e dar à juventude de São Luís a glória de ser a primeira a enfrentar nas ruas a ditadura militar de que Sarney foi cônsul, advogado e locutor.

A juventude tem que se respeitar como juventude. Para tanto, não pode aceitar como líderes gente envolvida em corrupção ou que se arma contra a liberdade. A JUVENTUDE É A JUVENTUDE E TEM QUE SE RESPEITAR COMO JUVENTUDE.