O SERESTEIRO NO PINHAL
JM Cunha Santos
(Do inédito “Livro feliz”)
O céu azul não passa por mim.
Nunca passa.
Cheio de passarinhos
me vergo à força do sol
e a moça de luz que não senta a meu lado
constrói-se em barco e espumas... e vai...
Tantas horas de desejos
e o céu fica lá, teimoso e findo
porque o vento, do vento sei, que me diz coisas
e machuca como neve a adormecer
e ela... ela se constrói de barcos e espumas... e vai
Todas as minhas peles doem
se estou com medo
nesse barco cheio de armadilhas
nessa amplidão que estreito nos braços
nessa vida que deixei matar
A vida que foge porque gaivotas suspiram
nessa terra onde não habitam gaivotas
e o meu querer poético se desmancha
nesta nave ao futuro carregada de paixões
Nunca fui onde estou indo
nunca fui quem estou sendo
nunca voltei de onde estou vindo
mas sei que a mancha de amor no peito
que desespera e eu convido
não será eterna se ela enxergue
alguma outra coisa alem do ar.
Mas ela...
ela só se constrói de barco e espumas
... e não vem ...
Vai.
Lindo!
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