sábado, 7 de novembro de 2009

O SERESTEIRO NO PINHAL
JM Cunha Santos

(Do inédito “Livro feliz”)


O céu azul não passa por mim.

Nunca passa.

Cheio de passarinhos

me vergo à força do sol

e a moça de luz que não senta a meu lado

constrói-se em barco e espumas... e vai...


Tantas horas de desejos

e o céu fica lá, teimoso e findo

porque o vento, do vento sei, que me diz coisas

e machuca como neve a adormecer

e ela... ela se constrói de barcos e espumas... e vai


Todas as minhas peles doem

se estou com medo

nesse barco cheio de armadilhas

nessa amplidão que estreito nos braços

nessa vida que deixei matar


A vida que foge porque gaivotas suspiram

nessa terra onde não habitam gaivotas

e o meu querer poético se desmancha

nesta nave ao futuro carregada de paixões


Nunca fui onde estou indo

nunca fui quem estou sendo

nunca voltei de onde estou vindo

mas sei que a mancha de amor no peito

que desespera e eu convido

não será eterna se ela enxergue

alguma outra coisa alem do ar.

Mas ela...

ela só se constrói de barco e espumas

... e não vem ...

Vai.

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