Acorda Rosinha: “A rainha parada”

 JM Cunha Santos

Mas nem a voz dos deuses conseguia despertar a Rainha Deitada, em demorado descanso pelos dias difíceis de carteado, os milhões perdidos para o carcará sanguinolento, os passeios intermináveis na esplanada dos Ministérios, as horas de pé, curvada sobre as roletas de Las Vegas.

Foi quando os anfitriões do reluzente palácio dourado onde descansava a rainha tiveram uma idéia genial e chamaram ali Quelone, a Deusa da Preguiça, que aconselhou que haviam coisas desagradáveis que se ditas nos ouvidos da rainha parada ela certamente acordaria. E, assim, vieram os conselheiros do reino para repetir nos tímpanos da rainha coisas que ela não gostaria de ouvir.

Conselheiro Macieira – Acorda, Rosinha. Estamos levando à ONU a situação dos presídios no reino do Maranhão.

Conselheira Gardênia – Acorda, Rosinha. Lembrei, nesta data, que infelizmente o nosso Estado hoje faz parte, mais do que nunca, desses espaços humanos onde coexistem de forma vergonhosa e revoltante com a fome, o analfabetismo, a violência, principalmente contra a mulher, o desemprego e o tráfico de drogas.

Conselheiro Tavares – Acorda, Rosinha. Precisamos saber onde foram aplicados R$ 800 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e o dinheiro do Fundo de Combate à Pobreza nesses quase três anos em que a senhora está dormindo.

Conselheiros Bispos – Acorda, Rosinha - Preocupa-nos que empresários, quadrilhas de colarinho branco, setores do Estado e do Judiciário pisoteiem direitos básicos, transgridam impunemente normas ambientais, desconsiderem medias básicas de prevenção à saúde pública, agridam povos e territórios.

No próximo capítulo saberemos se Rosinha acordou ou não.