Imprensa: a profissão humilhada
JM Cunha Santos
Certa vez entrei numa loja, munido da carteira profissional devidamente assinada, para comprar um eletrodoméstico qualquer e diante da minha comprovação de renda a vendedora se surpreendeu: “É isso que um jornalista ganha? Eu ganho a mesma coisa”.
JM Cunha Santos
Certa vez entrei numa loja, munido da carteira profissional devidamente assinada, para comprar um eletrodoméstico qualquer e diante da minha comprovação de renda a vendedora se surpreendeu: “É isso que um jornalista ganha? Eu ganho a mesma coisa”.
Faço esse comentário porque está provocando um verdadeiro frisson a divulgação indevida do salário do jornalista Márcio Jerry. Mas não é ele quem está ganhando muito, nós outros é que nos sujeitamos a ganhar tão pouco. E a contratação de Márcio Jerry significa também que ainda existem políticos, embora muito raros, capazes de valorizar essa profissão.
O salário profissional pago à imprensa anda em torno de R$ 1.200. Um cálculo simples: se comprar nas bancas 5 jornais locais diários, três revistas semanais de circulação nacional, mais um exemplar diário do jornal “Folha de São Paulo” para se manter informado o jornalista gastará os R$ 1200,00. E aí não entram os gastos com Internet e combustível, se acaso ele tiver um carro. Mas ainda que ande de ônibus esse salário será totalmente consumido apenas para trabalhar. E olha que o jornalismo é hoje uma profissão acadêmica, que exige 5 anos de faculdade e, em alguns casos, até mestrado e doutorado em comunicação.
Essa situação faz com que grande parte da imprensa se mantenha atrelada ao poder, escrevendo só o que lhe é permitido ou convém à sua própria sobrevivência. É triste ter que dizer isso, mas contra fatos não há argumentos. E é bom destacar que qualquer jornalista que leve sua profissão a sério precisa estudar muito e acaba se transformando em raro exemplar de especialista em tudo. Ele escreverá sobre política, criminologia, medicina, engenharia, economia, enfim, não vai poder parar de estudar nunca.
Em outro episódio da minha vida profissional, saí de São Luís em companhia de um advogado com uma missão especifica. O advogado trataria da defesa do cliente e eu da divulgação do resultado da demanda jurídica no intuito de limpar definitivamente o nome daquele que se julgava injustiçado. O valor do cheque pago ao advogado equivalia a 33 vezes o que me foi dado. Com a agravante de que provavelmente eu trabalhei 33 vezes mais escarafunchando o processo do início ao fim e tirando dele o que seria importante para as memórias viva e póstuma do cliente.
E assim, sem saída, nos penduramos quase todos em cargos em comissão que nos permitem comer, vestir, calçar e, se deixarem, até tomar cafezinho de três reais na porta do cinema. Os salários da maioria dos cargos dedicados aos jornalistas também são minúsculos. A Secretaria de Comunicação do Estado, por exemplo, com um orçamento que soma o de várias secretarias, não tem vergonha de pagar a seus profissionais esses mesmos R$ 1200,00 estipulados pelo Sindicato de Jornalistas e sindicatos patronais.
A verdade é que nossas relações com o SPC e SERASA chegam a ser quase de ajuda mútua. Um não vive sem o outro. Mas são exemplos, apenas exemplos de uma profissão humilhada.
É meu amigo as pessoas que são pagas para pensar no país ganham uma miséria, e vou deixar uma pequena anedota:
ResponderExcluirSEM CONCURSO É DIFÍCIL...
O cara termina o segundo grau e não tem vontade de fazer uma
faculdade.
O pai, meio mão de ferro, dá um apertão:
- Ahh, não quer estudar? Bem, perfeito. Vadio dentro de casa
eu não mantenho, então vai trabalhar...
O velho, que tem muitos amigos, fala com um deles, que fala
com outro até que ele consegue uma audiência com um político que foi seu
colega lá na época de muito tempo atrás:
- Rodriguez!!!! Meu velho amigo!!! Tu te lembra do meu filho?
Pois é, terminou o segundo grau e anda meio à toa, não quer estudar. Será
que tu não consegue nada pro rapaz não ficar em casa vagabundeando?
Aos 3 dias, Rodriguez liga:
- Zé, já tenho. Assessor na Comissão de Saúde no Congresso, R$
9.000,00 por mês, prá começar.
- Tu tá loco!!!!! O guri recém terminou o colégio, não vai
querer estudar mais, consegue algo mais abaixo...
Dois dias depois:
- Zé, secretário de um deputado, salário modesto, R$ 5.000,00,
tá bom assim?
- Nãooooo, Rodriguez, algo com um salário menor, eu quero que
o guri tenha vontade de estudar depois....Consegue outra coisa.
- Olha Zé, a única coisa que eu posso conseguir é um carguinho
de ajudante de arquivo, alguma coisa de informática, mas aí o salário é uma
merreca, R$ 2.800,00 por mês e nada mais....
- Rodriguez, isso não, por favor, alguma coisa de 500,00,
600,00, prá começar.
- Isso é impossível Zé!!!*
- Mas, por que???*
- PORQUE ESSES SÓ COM CONCURSO E PARA PROFESSOR, PRECISA TÍTULO
SUPERIOR, MESTRADO ETC.... É DIFÍCIL...
Quem mandou não estudar medicina e direito? Não foi assim que antigamente nossos pais aconselhavam os filhos? Estou brincando, meu caro JM Cunha Santos! Sinto-me também super desvalorizado, minha formação não é na área da medicina e nem direito. Também não sou jornalista, mas também, como várias profissões que se juntam a de Jornalismo, estão ai a beirar o abismo. Somente uma coisa me conforta: Quem trocará o pneu do carro do médico, né?
ResponderExcluirAo pessoal do G>D. News, muito obrigado. Adorei a piada e vou postar no meu Boog mais tarde.
ResponderExcluirAmigo Jurubeba, quem sabe um dia alguém tenha a idéia de defender isonomia salarial para todos os cursos de nível superior.
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