quinta-feira, 3 de março de 2011

Dia Internacional da Mulher

JM Cunha Santos

Demora 30 dias para ser mulher a toda hora e de um corpo complexo, que nunca avisa o que vai fazer, sangra o amor mais forte de quem, sem contrato nem pagamento, produz a vida.

Burca nos olhos, burca nos sonhos, burca nas esperanças, burca na mente e a liberdade chegou, rios de menstruação depois, aos gestos, ao caminhar, ao escolher aonde ir, com que ir e com onde chegar.

Em terras de almas estúpidas, os cabelos longos se soltaram contra os ventos, as peles acenderam e fêmeas de coração nas mãos invadiram faculdades, escritórios, exércitos, caminhões de carga, aviões, assembléias, poder executivo, até convencer que quem carrega filhos pode carregar um país.

Mas há sinais de violência, há veias rompidas pela brutalidade e os salários não são os mesmos, a liberdade não é a mesma, nem as alegrias parecem iguais. “Elas não têm gosto ou vontade, nem defeitos, nem qualidade, tem medo apenas”. Medo. E existem para fazer a humanidade existir.

Estranhos seres que carregam gente dentro de gente, estranhas divas acima de qualquer suspeita de Deus, preenchem estúpidas estatísticas de terror, violência e morte. Às vezes, o humano é um ser lamentável.

Filhas de tudo o que é vermelho, mornas como águas que despencam dirigem tudo até suas últimas forças e, assim como fazem roupas, fazem homens que, em geral, se destroem por si mesmos. Foi assim.

E as reverencio na dor, no amor, na alegria e nos desejos, porque acima do que pode minha força bruta, podem seus olhos e suas desculpas construir um mundo bem melhor; podem suas mãos vazias à procura de respostas destruir mais pecados do que eu possa cometer.

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