sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Tempo no poder

JM Cunha Santos

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

A frase, um ícone na carreira política, diplomática e humanística de Rui Barbosa, foi lida na tribuna da Assembléia pelo deputado Marcelo Tavares e se ajusta, como uma luva, a esses terríveis tempos de corrupção que vive o país. A impressão que se tem é de que o poder público se transformou numa terrível casa de marimbondos a espetar o Brasil de corrupção.

“Hay hombres que luchan um dia y son buenos; hay otros que luchan um ano e son mejores. Hay quienes luchan muchos anos e son muy buenos. Pero hay los que luchan toda la vida: esos son los imprenscindibles”.

Porque juntar à primeira, esta outra frase, do impressionante Bertolt Brecht, haverão de perguntar alguns. Nenhuma razão em especial, a não ser a visão dos quilombolas acampados na Praça Pedro II, uma visão de pobreza extrema, tristeza e pavor. Culpa, sem dúvida, dos desonestos e desonrados que assaltam este país. Assentados ali, eles trazem à lembrança, líderes, homens públicos e políticos de muita honra que deixaram de lutar, engolfados que foram pela corrupção. Entre os quilombolas, séculos depois da Lei Áurea, existem escravos; entre eles, tantos anos depois de conquistada a democracia, existem homens ameaçados de morte. Não podem lutar sozinhos, sabemos disso. Não têm condições nem poder para tanto, mas os partidos políticos de oposição se encastelaram no governo e por eles não lutam mais. Aquela imagem na praça nos ensina que devia haver um limite para a permanência dos homens no poder. Meio século é tempo demais, é dor demais.

Um comentário:

  1. E a cachaça Cunha, cadê? Vamos a Praia Grande com aquelas mulhares gostosas que tu estavas dia destes saindo daquele motel...

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